"Entre o perdão e o medo"

18/10/2012 17:49

 

Cintia Lima - Madri (Espanha)

 

Meu pastor querido e tão amado. Veja que fui parar longe por amor a uma pessoa. Mesmo sendo brasileira e cheia de sonhos, abri mão de tudo e acabei vindo morar em outro país por acreditar no amor que sinto por um homem. No entanto ela já me traiu e não foi só uma vez. Após a última eu decidi ir embora. Agora ele vive a implorar por perdão. Meu coração quer perdoar porque eu o amo muito, mas a razão diz que estou sendo feita de idiota e que é hora de pensar em mim. Tenho medo de perdoar e voltar a ser desrespeitada. Também tenho medo de não perdoar e ser condenada pela igreja. Me diz pastor, por favor o que faço?

 

Resposta

 

Olá querida Cintia. O amor realmente te levou bem longe, mas nem tanto. É comum que ele nos leve até para outros mundos e novas dimensões, que suplantam geografias e que ultrapassam fronteiras imagináveis. Faz parte.

 

Isso me fez pensar nos estudos bíblicos que todas as noites faço com meus filhos e minha esposa. Recentemente falávamos sobre o perdão. Surgiu a dúvida de existe um número específico de perdões a ser tolerado.

 

Em Lucas 17:4 Jesus afirma que se uma mesma pessoa pecar contra nós sete vezes num mesmo dia e arrependida solicitar-nos o perdão, devemos perdoá-la. Mas Jesus também afirma nos evangelhos que pérolas não devem ser dadas a porcos (Mateus 7:6). Isso significa que devemos ter sempre a alma leve a ponto de gerar perdão sem grandes dificuldades, mas também discernir se esse não é um ato vão, já que seu receptor não lhe confere o devido valor.

 

Por não conhecer o caráter e as inclinações da alma de seu marido, fico impossibilitado de sentenciar um ponto de vista, mas a julgar por suas palavras, duas verdades me parecem claras: uma é que você está angustiada e outra é que você o ama.

 

Com base nesses sintomas, avalie a situação da seguinte maneira: você ainda contempla alguma sinceridade em seu marido? Você ainda detecta amor e carinho dele em relação a você? Ou você está casada com um homem indiferente e frio, sem temor de Deus e que lhe ignora e maltrata propositadamente seu coração? Mediante essas respostas (e só você as tem) tome sua decisão. Quando uma pessoa está doente e a outra é sã, ainda existe esperança. Mas se as duas estão adoecidas (uma pela deslealdade e a outra pela desesperança), talvez seja melhor pensar em sua dignidade, pois quem é vítima de traição não está obrigado nem por Deus e nem pela lógica a viver sob esse desonesto sistema.

 

Grande abraço querida e que Jesus te abençoe!