A maldição dos lugares elevados

28/06/2014 03:15

 

 

“Então o Diabo levou Jesus à cidade santa, colocou-o na parte mais alta do templo

e lhe disse: Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo.

Pois está escrito: Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito,

e com as mãos eles o segurarão,

para que você não tropece em alguma pedra.”

(Mateus 4:5-6)

 

 

Desde muito jovens aprendemos a importância da conquista. Somos educados para vencer, para brilhar, para ter sucesso na vida. Ser um grande profissional, uma pessoa reconhecida, um membro da alta nata social, um próspero empreendedor, um atleta campeão, um artista famoso, um referencial, estar no topo da pirâmide – eis o sonho e o alvo de milhões de pessoas, que nisso se concentram e para isso se empenham, desde as primeiras horas do dia, até a despedida da alva.

 

Mas se esse é um debate discutível no campo das ascensões sociais, na espiritualidade cristã se trata de um lesivo campo minado, pois nada pode ser mais perigoso e mortal à espiritualidade de um filho de Deus do que “os lugares altos”.

 

As celebridades cristãs

 

Jesus foi elevado ao ponto mais alto do templo, não pelas mãos de Deus, não pelo gradual processo de dedicação pessoal, não pelo resultado natural de um trabalho sincero e exaustivo, mas pelo poder do diabo “Então o Diabo levou Jesus à cidade santa, colocou-o na parte mais alta do templo.”

 

Em nossos dias há uma explosão de celebridades cristãs. Elas estão nos palcos dos programas de tv, lideram as listas dos maiores sucessos nas rádios, faturam milhões com a venda de seus dons, ocupam capas de noticiários, arrastam multidões em eventos super produzidos, dividem o mesmo grau de aplausos do mundo secular, aceitam tratamento de estrela, possuem fã clubes, dão autógrafos, cobram cachês aviltantes, exigem hotéis requintados, alguns até se tornam traidores da cruz e assinam contratos milionários com emissoras historicamente inimigas de Cristo; outros chegam a ditar modas. Em geral são idolatrados por uma geração de jovens ignorantes do puro evangelho e nascidos no contexto de uma igreja doente. Ou são simplesmente cooptados ou parceiros de uma alcateia de lobos usurpadores do ministério, que se tornam promotores de eventos, em vez de apascentadores do rebanho de Deus.

 

São pastores, apóstolos, bispos, cantores – celebridades do glamoroso mundo gospel.  Estão no alto, ocupam os píncaros do reconhecimento e da fama. Tal como Jesus foi elevado no templo, estes também estão elevados na igreja. Mas a pergunta é: pelas mãos de quem chegaram a tal lugar? A julgar pelos frutos dignos de repúdio, pelo testemunho reprovável, pelo desvio da sã doutrina, pela conduta mundana, pela submissão a mamom e pela escravidão da vaidade, essa é uma pergunta que passa a ter uma resposta óbvia.

 

A inevitável queda

 

É bem verdade que satanás conduziu Jesus ao ponto mais alto do templo. Mas esse não era o seu verdadeiro plano. Ele queria que Jesus se lançasse de lá, ele projetou a sua queda e tentou influenciá-lo a fazê-lo de forma consciente e voluntária. Usou até mesmo referências bíblicas, que foram distorcidas e se constituíram em armadilha herética, com um suposto fundo de verdade.

 

Da mesma forma, assistimos o inimigo conduzindo muitos cristãos a uma posição elevada na igreja e na sociedade, para logo em seguida induzi-los à queda. Por sinal, por meio de muitos mestres da mentira, também fazendo uso distorcido e enganador da Palavra.

 

Por estarem lucrando na alma e no bolso, muitas celebridades cristãs não enxergam o acelerado processo de queda em que se encontram.  Queda moral, vazio da unção, lar arruinado, pobreza espiritual e perda de salvação.

 

“Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? "

(Marcos 8:36)

 

A Igreja de Jesus experimenta a maior crise de identidade teológica, moral e espiritual de toda a sua história. Nunca vimos uma igreja tão distante de si própria como esta que presenciamos de duas décadas para cá.

 

Artistas tomaram o lugar dos levitas. Gurus tomaram o lugar dos profetas. Feministas tomaram o lugar das santas e humildes mulheres de Deus. Marqueteiros tomaram o lugar dos pastores. Música profana tomou o lugar dos salmos, hinos e cânticos espirituais. Coreografias tomaram o lugar da adoração. Shows tomaram o lugar do culto. E satanás está tomando o lugar de Cristo no coração de muitos cristãos.

 

Os números financeiros estão ótimos. Nunca se vendeu tantos livros, cds e dvds. A agenda das igrejas está lotada de eventos. Nas mesmas casas de espetáculo onde os filhos do inferno se apresentam num dia, as celebridades gospel se exibem no outro. Os ingressos estão por todo lado. “Visões e Revelações” surgem todos os dias. Campanhas, sacrifícios e barganhas se tornam cena comum e os apóstolos modernos já são mais numerosos que os singelos pastores. É o avivamento da elevação, a apoteose da prosperidade, o paraíso do G12, a farra da fé lucrativa.

 

Mas do que tudo isso adiantará por fim? O caminho da salvação continuará sendo apertado. A porta permanecerá sendo estreita. E poucos serão os que acertarão sua trajetória.

 

O Filho do Homem continua desafiando o jovem rico a se desfazer do apego ao mundo e das algemas materiais. Ele também, através de Seus sinceros discípulos, continua não tendo aonde reclinar a cabeça.

 

Mas para aqueles que preferem o poder, a riqueza, a fama, os aplausos, enfim, os lugares altos, satanás ainda os convida. Só existe um problema: logo em seguida virá a queda.

 

Prefira os joelhos no chão da piedade. Prefira os lugares baixos da humildade. Pois essa é a única elevação que não procede de satanás e que consequentemente não culminará jamais em queda!