ABRINDO A BÍBLIA PARA FALAR DE RITMOS MUSICAIS NA IGREJA

13/11/2014 03:29

 

 

Walter Resende – Araguaina (TO)

 

Olá eu gostaria de dizer que não gosto da maioria das coisas que você escreve. Você é contra a Visão no modelo dos 12, você é contra o ministério de dança na igreja, você é contra pastores atuarem na política, você é contra o ministério pastoral de mulheres, você é contra a livre manifestação dos dons espirituais e o barulho nos cultos pentecostais, você é contra o trabalho dos cantores gospel e agora fiquei sabendo que você também é contra a utilização dos ritmos musicais mais modernos para evangelizar os jovens do mundo. Qual é o seu problema meu irmão? Você nunca leu na Bíblia que Deus é o criador de tudo e o dono de tudo? Nunca te ensinaram que todos os ritmos são de Deus? Pastores que nem você estão em extinção meu irmão. Olhe ao seu redor, o mundo mudou, a igreja mudou e você parou no tempo. Se atualize, é o meu conselho.

 

Resposta

 

Prezado Walter, manifestações como a sua, que são um misto de acusações desconexas, de juízos imprecisos e de insultos desvairados, em geral recebem meu silêncio como resposta. Mas o conteúdo de sua queixa levanta um tema que me parece relevante, e que embora eu não tenha a pretensão de mudar seu pensamento, creio que me seja possível ajudar outras pessoas, que diferente de você, possam estar abertas para uma reflexão serena, bíblica e equilibrada acerca do que foi dito aqui.

 

Num ponto lhe dou razão: sou de fato contrário a tudo que você citou e minha fundamentação segue uma rigorosa linha exegética e hermenêutica, que ao longo de duas décadas, me custaram muitas horas de estudo, de joelhos no chão e de humilde busca pela verdade. Minha fonte suprema é a Palavra de Deus e não o emocionalismo esquizofrênico daqueles que abdicam da sua faculdade cognitiva para abraçarem as facilidades de um curral teleguiado.  O evangelho que eu creio é aquele que vejo na Bíblia e não as fontes salobras que jorram dos púlpitos que deturpam e mercadejam a fé.  Por essa razão eu não apenas confirmo que sua lista é verdadeira, como também informo que os itens são bem maiores que os mencionados em sua fala.

 

Notei uma especial indignação da sua parte no que concerne à minha oposição ao uso de ritmos musicais modernos, como por exemplo, funk, forró ou sertanejo universitário etc, como forma de evangelização por parte da igreja. Em respeito a você e a todos que pensam como você, vou aqui explicar minhas razões.

 

1. A falácia evangelística: em primeiro lugar quero desmistificar o argumento evangelístico utilizado por aqueles que defendem tais ritmos. Não há qualquer estudo sério ou levantamento preciso que aponte estatísticas reais de almas sendo ganhas para Cristo através desses ritmos. É bem verdade que grandes aglomerações são avistadas. É verdade também que muitas pessoas são atraídas. Como também é verdade que a esmagadora maioria o faz sem nenhuma compreensão real do evangelho e nenhum compromisso de obediência a Cristo.  O número daqueles que abandonam a igreja pouco tempo depois é proporcional ao dos que chegam por meio desses métodos. Essa falta de consolidação é uma prova clara da ausência da mão de Deus e isso se deve a uma gritante verdade: aqueles que defendem e usam ritmos musicais mundanos com adaptações evangélicas, não o fazem por interesse evangelístico, mas sim porque gostam desses ritmos, ouvem e apreciam os artistas seculares que os utilizam, e também porque lucram financeiramente com a prostituição teológica, que defrauda a consciência cristã por meio de todas as mentiras que são utilizadas para enganar os desatentos. Portanto, ritmos mundanos são introduzidos na igreja por falta de santificação e por excesso de ganância.

 

2. A falácia da posse e da criação de tudo: é comum ouvirmos os defensores de todos os ritmos alegando que devemos utilizá-los porque Deus é o dono de tudo e o criador de tudo. Chegam mesmo a afirmar que Deus é o criador dos ritmos profanos e que satanás os teria roubado. Sinceramente não sei em que parte da Bíblia essa heresia busca fundamento, pois está escrito que Deus é o Criador do universo e da vida e não o criador de todas as coisas.  Esse é um problema exegético grave, pois o que parece ser um pequeno detalhe, promove um abismo de perigosas mentiras nessas dimensões. A palavra “tudo” significa tudo. Portanto, se crermos que Deus é o criador de tudo, então Ele é o criador das revistas pornográficas, das armas de fogo, das telenovelas e de qualquer outra aberração que pudermos aqui imaginar. Duvido que seguindo por essa linha de raciocínio, alguém que tenha o mínimo de sensatez possa abrir a boca para dizer que Deus criou o funk, o arrocha, a dança do ventre ou o reggae. O homem é o criador dos ritmos musicais e não Deus. Assim como Deus é o Criador das árvores e não dos móveis feitos de madeira, da mesma forma Ele é o Criador da música, mas não dos ritmos.

 

Teria satanás roubado os ritmos musicais? É difícil imaginar que haja apoiadores de tamanho absurdo. Na verdade prefiro perguntar quem de fato roubou quem nessa história. Se satanás roubou o rock, o funk, o forró, a lambada etc, então como explicar o fato destes ritmos terem surgido no mundo? Quem me rouba algo, tira este algo de mim. Como poderia, pois, satanás ter roubado ritmos que não nasceram na igreja? Se a igreja está utilizando ritmos musicais nascidos na impiedade, então é a igreja quem está roubando a satanás e não o contrário. Quem são os verdadeiros ladrões e imitadores nesta história? Estou certo que os covardes preferirão o silêncio como resposta.

 

Na Bíblia Sagrada no livro de Gênesis 4:21, encontramos pela primeira vez a música sendo usada por um homem chamado “Jubal” – O Pai dos Músicos. A música sempre existiu no Céu, pois os anjos louvam a Deus desde a Eternidade. Deus na Eternidade começou a ser adorado pelos anjos, que Ele mesmo criou. Esses seres angelicais limitados usaram (e continuarão usando por toda a Eternidade) a música celestial para exaltar o único Deus Verdadeiro que criou toda a existência – O Senhor Jeová.


Deus foi o criador da música. Mas em que sentido? Vamos entender isso pensando em algumas coisas naturais e coisas inventadas, fazendo uso das naturais:


a) Deus criou o ferro, o manganês, mas foi Deus quem inventou o revólver?
b) Deus criou a cana-de-açúcar, mas foi Deus quem inventou a bebida alcoólica? 
c) Deus criou o átomo, mas foi Deus quem inventou a bomba atômica?
d) Deus criou a música, mas foi Deus quem inventou o rock? 



O homem tem a capacidade e a liberdade de inventar coisas. Essa capacidade foi dada por Deus. Contudo, Deus não deu isso para o homem sendo ele pecador e maligno. Deus o dotou desta capacidade em estado de graça e amor. Deus esperava que tudo quanto o homem produzisse fosse semelhante ao que Ele criou, bom. Ele mesmo disse: “E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gênesis 1:31). Esperava que tudo quanto o homem fizesse fosse bom. Entretanto, o pecado entrou na humanidade através da ludibriação que Satanás trouxe ao primeiro casal (Gênesis 3:1-6). Assim, o pecado passou a todos os homens (Romanos 5:12). A intenção do coração do homem não era mais pura. E ele sabia disso porque sentia vergonha. A vergonha é o sinal da nossa consciência nos acusando de algo errado que fizemos, pensamos ou sentimos (Gênesis 3:8-10). Viu Deus que a intenção do coração do homem sobre a terra, agora era má continuamente (Gênesis 6:5).



Eis a questão: Deus criou o ferro e o manganês, mas não fez o revólver. A mente humana influenciada pelo mal inventou o revólver. Não é diferente com a música ou qualquer coisa que o homem possa inventar. Ou somos orientados por Deus para inventarmos coisas boas e proveitosas ou somos influenciados pela carne e pelo inimigo para inventarmos coisas ruins e malignas. Com certeza parte das descobertas científicas que foram realizadas por homens foram orientadas por Deus. Deus criou as leis naturais, os homens apenas as descobriram e colocaram nomes técnicos.


Hoje a música tem sido pervertida por Satanás e seus demônios. O Diabo é um grande especialista em música. Antes de sua rebelião contra Deus, era o responsável pela execução dos louvores nos Céus (Isaías 14:11-15 e Ezequiel 28:13-15). Ocultismo, heresias, leviandade e prostituições têm sido manifestado nas músicas da atualidade. O verdadeiro sentido da música tem sido deturpado por ideologias perversas e vãs filosofias (Colossenses 2:8) causando prejuízo à fé daqueles que temem a Deus.

 

Então, qual seria a orientação correta no que diz respeito à música em nosso meio? A Bíblia dará essa resposta.

 

“Rogo-vos pela compaixão de Cristo, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12:1-2). Algumas perguntas são importantes. Ofereceremos nossos corpos à santidade de Deus, ou à sensualidade das danças e dos ritmos mundanos? Cultuaremos a Deus carnalmente ou racional e espiritualmente? Nos conformaremos com este mundo ou transformaremos nosso entendimento para demonstrarmos a mente de Deus?

 

“Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não esta nele.” (I Jo 2:15; Compare “Ninguém pode servir a dois senhores…” [Mt 6:24] e “Mas os cuidados deste mundo… sufocam a palavra, e fica infrutífera” [Mr 4:19]). Adotar danças e ritmos musicais do mundo no culto ao Deus puríssimo não seria amar o mundo ou pelo menos admirá-lo e copiá-lo?

 

“Segui a paz com todos e a santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor.”(Hb 12:14). Estaríamos seguindo a santidade ao sensualmente dançarmos nos cultos ao Deus Santíssimo?

 

“Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra… Mortificai pois os vossos membros que estão sobre a terra… A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos, e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração.” (Cl 3:1-17). Com músicas e danças extraídas do mundo nas nossas igrejas, estaríamos nós buscando as coisas que são de cima, ou as que são da terra? Estaríamos mortificando ou exercitando nossa carne? Seria este tipo cântico voltado para satisfazer e fortalecer o espírito ou para a carne? Caracterizar-se-ia por graça no coração ou por balanços da carne?

 

“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?.” (II Co 6:14). Como casar a mensagem de Deus com um ritmo mundano (rock, funk, lambada, etc. “evangélicos”)??? Não seria isto como tentar beber água pura, mas depositada num recipiente imundo?

 

E para finalizar, deixo Gálatas 6:7-9, que diz: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isto também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.” Para quem semearíamos, se adotássemos, nos cultos a Deus, danças sensuais e ritmos importados do mundo? Não é a toa meu querido amigo que a igreja se acha no presente estado: letargia, inoperância, heresias e apostasia. O homem colhe o que planta, porque de Deus não se zomba. Sendo assim, na mesma proporção em que se traz os elementos do mundo para a igreja, cada vez mais o Espírito Santo se distancia desses ambientes, crescendo a manifestação do erro e do pecado.

 

De fato pastores comprometidos com a sã doutrina estão em extinção. Isso é o que mais me motiva a pertencer à minoria. Sei que o mundo mudou, sei que até a igreja mudou, mas eu prefiro me atualizar todos os dias na imutável Palavra de Deus, que me renova não pelo exemplo do mundo, mas pelo trabalho regenador do Santo Espírito de Cristo, que de glória em glória, faz desse pecador um homem melhor. Essa é a única atualização que me interessa.

 

Espero ter respondido sua pergunta. Deus o abençoe, em Nome de Jesus!