Denunciando o moderno fogo estranho

05/11/2014 01:46

 

 

 

Foi então que Nadabe e Abiú tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, 

e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, 

o que lhes não ordenara” 

(Levítico 10:1).

 

Nadabe e Abiú morreram quando trouxeram fogo estranho perante o SENHOR” 

(Números 3:4 e 26:61).

 

 

Nadabe e Abiú eram os dois filhos mais velhos de Arão. Ambos tiveram a extraordinária experiência de um dia subir ao monte Sinai e ver o Deus de Israel (Êxodo 24:9-11). Mas esse não foi o único privilégio que experimentaram, pois posteriormente lhes foi dado também o Ministério perpétuo do Sacerdócio (Êxodo 28:1, 29:9). Considerando esses aspectos e a compreensão que seguramente ambos possuíam acerca da santidade absoluta de Deus, assim como das rigorosas responsabilidades decorrentes do Ministério, todos nós imaginaríamos que os mesmos o exerceriam com a máxima devoção, respeito e consagração, posto que até a pena de morte era prevista para quem desconsiderasse tal coisa.

 

Deus havia relatado a Moisés com riqueza de detalhes, tanto o oficio, como as características mais profundas do sagrado santuário, onde também constava o altar de incenso, sobre o qual Arão deveria queimar incenso aromático todas as manhãs e ao entardecer.

 

Tudo no tabernáculo, inclusive seus utensílios, era consagrado a Deus, o que também incluía os sacerdotes Arão e seus filhos, aos quais caberia obediência irrestrita às determinações de Deus.

 

Muito se tem pregado, falado e debatido sobre o que seria esse “fogo estranho”, que no original significa “brasas vivas estranhas”.

 

Há quem proponha que eles não teriam preparado o incenso com as brasas do altar de bronze, conforme Levítico 16:12 e o seu pecado teria sido o uso de outras brasas. Pode ser também que o tivesse feito num horário não autorizado ou então que eles tenham atravessado o sagrado véu do Santo dos Santos, o que seria uma irreverência grave (Levítico 16:1-2).

 

Mas em resumo, o seu pecado foi o desacato, pois fizeram “o que o SENHOR não lhes ordenara”, trocando o sublime princípio da obediência (Hebreus 10:5-10), por um ato irreverente e arrogante de adaptação do sagrado à sua própria concepção de fé.

 

Nadabe e Abiú agiram com improviso, segundo sua "visão" do sacerdócio, desconsiderando aspectos minuciosos e irrevogáveis, que Deus já havia revelado de antemão a Moisés e que lhes fora transmitido pelo mesmo.

 

A interpretação é a mesma para o episódio da morte de Ananias e Safira durante a Igreja Primitiva (Atos 5:1-11), que igualmente fizeram pouco caso da soberana autoridade de Deus e do caráter irrevogável que caracteriza Seus desígnios.

 

Em I Coríntios 11:30 está escrito  “que há entre nós muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem

 

Os dias modernos nos apresentam uma Igreja que segue nessa triste, cega e perigosa trilha. Somos alardeados por mensagens que denotam "adaptações" do Evangelho e o enquadram nas configurações do mundo atual. Isso alcança toda a liturgia, os ministérios, o sacerdócio e a teologia acima de tudo. A novidade prevalece sobre os alicerces herdados de nossos primeiros pais e as múltiplas “visões" se reproduzem na mesma velocidade com que a vaidade de seus criadores se multiplica. Em vez de Bíblia, temos revelações. Em vez de levitas, temos cantores. Em vez de mulheres santas e submissas aos preceitos bíblicos, temos uma geração de feministas roseando os púlpitos ministeriais. Em vez de pastores, temos “apóstolos” e “patriarcas”. 

 

Em vez de igreja, temos uma miscelânea de espetáculos pseudo religiosos, que agridem com violência todo o respeito devido ao santo altar de adoração a Deus.

 

A tradução Scofield sugere que na passagem que cita Nadabé e Abiú, existem duas coisas “estranhas”: incenso comum e fogo não procedente do altar.

 

O incenso comum nos fala da adoração simulada ou formal. E fica aqui a lição para os animadores de auditório que hoje lideram nossas igrejas, para aqueles que estimulam os shows de emocionalismos, línguas estranhas forjadas, quedas ao chão motivadas pelo sopro ou “toque poderoso” de alguém ou simplesmente todo e qualquer ato que se diga cristão, mas que se proceda de forma mecânica e sugestionada.

 

O fogo que não é do altar corresponde à animação apenas por meio da excitação dos sentidos e à substituição da devoção a Cristo por outra devoção qualquer, como aquela nascida nos atuais modismos teológicos, que posicionam as pessoas acima até de Deus, na medida em que lhes dão o direito de "determinarem" o que deva ou não acontecer. Mas esse é apenas um dos tantos aspectos, que caracterizam fogo estranho em nossos dias, que não isentou de culpa Nadabe, Abiú, Ananias e Safira e que também trará seu preço aos modernos adaptadores da Palavra de Deus!

 

O evangelho é um só. A Bíblia é nossa única revelação. O que é perfeito não requer mutações e o que é pleno dispensa novidades. Que as tantas “visões” – fogo estranho de nossos dias – retrocedam em nome da simplicidade pura do evangelho, antes que a porta se feche e o caminho estreito acertado por poucos se torna um portal irrevogavelmente fechado. Quem tem ouvidos, ouça!