Desmascarando a polêmica natalina

23/12/2013 04:03

 

 

“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber,

ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova,

ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras,

mas o corpo é de Cristo.”

(Colossenses 2:16- 17)

 

 

Com a aproximação do natal multiplicam-se nos púlpitos, programas de rádio e televisão, mídias virtuais ou escritas, as vozes dos que se opõem à sua comemoração dentro das igrejas evangélicas. Algumas seitas heréticas já o fazem há séculos e muitos cristãos se sentem encorajados a seguir pelo mesmo caminho. Como tenho sido muito questionado a respeito nesses últimos dias, aqui estou para me posicionar, como convém a todos aqueles que possuem o mínimo de personalidade e que não temem repercussões, quando estão amparados pela fé e por sua consciência.

 

Não ignoramos a história do natal

 

Eu sei que ao contrário do que muitos pensam o natal não é uma festa originalmente cristã. As fontes pesquisadas apresentam várias versões retratando o surgimento  dos símbolos natalinos, porém, todos possuem um ponto em comum, a origem pagã!  A introdução desta comemoração na igreja cristã surgiu no catolicismo, por volta do século IV, a ideia era "abafar” o paganismo,  cristianizando com uma boa maquiagem as celebrações comuns aos povos pagãos.

 

Também sei que a palavra natal em inglês é christmas, a união de duas palavras, christ emass que significa  missa de Cristo ou missa de natal.

 

Sei também que o dia 25 de dezembro foi escolhido porque coincidia com os festivais pagãos que celebravam a: 1) saturnália e o 2) solstício de inverno, em adoração ao deus-sol  3) sol invictus. Este festival de inverno era chamado à natividade do sol. A festa solar do natalis invicti (natividade do sol inconquistado), a qual era celebrada em 25 de dezembro.

 

Tenho conhecimento que a prática de trocar presentes era, segundo nos informa Tertuliano, parte da saturnália. Não há nada de errado em dar presente; os israelitas davam presentes uns aos outros em tempos de celebração (Ester 9:22). Mas alguns têm procurado ligar os presentes de natal com aqueles que Jesus recebeu dos magos, porém, não há qualquer correspondência entre as duas situações.

 

Semelhantemente, sei que a árvore de natal tem suas origens no paganismo, mais precisamente numa fábula babilônica, de que um pinheiro renasceu de um antigo tronco morto. O novo pinheiro simbolizava que Ninrode tinha vindo a viver novamente em Tamuz. Entre os druidas o carvalho era sagrado. Entre os egípcios era a palmeira, e em Roma era o abeto, que era decorado com cerejas negras durante a saturnália. O deus escandinavo odim era crido como um que dava presentes especiais na época de natal àqueles que se aproximassem de seu abeto sagrado. Em inúmeras passagens bíblicas a árvore é associada à idolatria e a adoração falsa, como em I Reis 14:23 e Deuteronômio.16:21 (acompanhe em sua Bíblia)). Portanto, eu sei que a árvore de natal recapitula a ideia da adoração de árvore, onde as bolas simbolizam o sol.

 

A fim de justificar a celebração do natal muitos tentaram identificar os elementos pagãos com símbolos bíblicos. Além disso, com o passar do tempo muitos outros costumes foram sendo introduzidos nas festividades do natal. O papai Noel, por exemplo, é uma representação de São Nicolau, um santo da igreja católica romana. O presépio foi inserido por São Francisco.

 

Não posso também deixar de considerar aqui que como cristãos verdadeiros somos ordenados a comemorar a morte de Cristo, sua ressurreição e sua vinda (I Coríntios 11:25,26). Em nenhum lugar das Escrituras é ordenado aos cristãos que comemorassem o nascimento de Cristo. Talvez porque o nascimento de Cristo é um fato histórico aceito por todos os homens, é algo que ninguém se opõe. Não é assim, porém com relação a sua ressurreição. Todos comemoram o nascimento de Cristo, mas somente os cristãos comemoram a sua ressurreição. Devemos ainda lembrar que acerca de Jesus, identificado na pessoa de Melquisedeque, se diz que era "...sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência..." (Hebreus.7:3).

Em todos os períodos da história da cristandade uma minoria de líderes eclesiásticos tem se colocado contra a observância do natal. Uns ou mais fatores está relacionado a essa oposição, como por exemplo, a rejeição da autoridade eclesiástica na sua tentativa de estabelecer dias oficiais de festas dos quais o natal é um; a objeção às bebidas, festas e imoralidade associadas às festividades do natal em todos os períodos da história; as associações antigas e contínuas entre o natal e as ideias e práticas religiosas pagãs.

 

Eu celebro o natal

 

Apesar de tudo que reconheço e registro acima, particularmente eu celebro o natal e passo a explicar as razões que me fundamentam.

 

Eu lamento informar aos radicais combatentes do antipaganismo que praticamente tudo que nos rodeia na sociedade moderna possui um elo pagão no passado remoto. Da roupa que você veste, do tipo de construção que edificamos nossos templos, passando pela comida que você ingere, visitando os hábitos de suas reuniões sociais e chegando até mesmo às músicas que você aprecia, tudo brota de uma fonte pagã. Que tal cruzar os braços e não fazer mais nada na vida? Ou será que seria mais ético suprimir algumas coisas em detrimento de outras apenas pela conveniência de nossas predileções? É justamente isso que acontece com os fuziladores do natal, os quais rejeitam o paganismo originário natalino, porém aderem a vários outros procedimentos de origem similar na rotina de seus dias.

 

Não obstante, se um episódio negativo marca a origem de uma tradição, nada me impede que eu a converta em algo válido e correto. O que nasceu como saturnália, vindo a se tornar adoração sincera a Cristo, só trará benefícios ao mundo. Se as tradições pagãs forem substituídas por ações de fraternidade, solidariedade, socorro aos desvalidos, amor ao próximo e pregação do evangelho, que mal haveria nisso e que incongruência pode ser apontada em relação às recomendações bíblicas?

 

É evidente que não compete ao cristão confundir, deturpar ou aderir ao estilo secular de comemoração do natal. Como filhos de Deus não podemos ser consumistas, devassos, dados ao alcoolismo ou festejadores extravagantes. O natal de um cristão é caracterizado por cultos, adoração, louvor, confraternização, perdão, reconciliações e assistência social. Quem se levanta contra isso nunca entendeu o que significa servir a Cristo.

 

Análise final

 

Como pregador comprometido com a sã doutrina, tenho usado todas as plataformas que me são possíveis para combater a mentira e a heresia no seio cristão. Por reiteradas vezes tenho dito que é tempo de rejeitarmos todo e qualquer sincretismo no meio do Povo Eleito, fechando todas as brechas que o inimigo astutamente consegue abrir no coração da igreja; e para que isto aconteça passos de fé e desprendimento precisam ser dados, eliminando todo e qualquer canal, por mais belo que seja, idealizado pelo inimigo de nossas almas e empurrado como lixo para dentro das vidas.

 

Todavia isso não se traduz em radicalismo farisaico, que em geral está associado mais aos hipócritas do que aos verdadeiros filhos e filhas de Deus. Eu prefiro ver aqueles que combatem a autêntica celebração cristã do natal, usando essas mesmas energias para profetizar contra o estrelismo mercenário da música gospel, a relação prostituta que há entre pastores e a política, os abusos praticados pelos “apóstolos” do mercantilismo da fé, as doutrinas esotéricas do G12 e a macumba gospel que toma conta do neopenteostalismo.

 

Normalmente, porém, são estes os mesmos que se calam diante daquilo que de fato requer protesto. Se estivessem empenhados em combater o santo bom combate da fé, seguramente não achariam tempo para julgar e molestar quem celebra o nascimento do Salvador com o coração sincero diante de Deus.

 

Servir a Deus não é um código catequista e nem um esquema e subserviência a dogmas e proibições. Servir a Deus é um ato livre de amor ao Criador, que julga não a frieza do ato humano, mas a natureza e a motivação que lhe move o coração. Por isso não seremos aprovados pelas coisas “boas’ que fazemos, mas pelo nível de sinceridade e pela demonstração prática de para quem estamos fazendo. Se é para Deus, que nenhum fariseu nos condene!

 

“Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio SENHOR ele está em pé ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz. O que come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para o SENHOR não come, e dá graças a Deus.”  (Romanos 14:4-6)