Entre a mordaça dos covardes e a trombeta dos arautos

03/09/2014 02:26

 

“E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração;

mas vós a tendes convertido em covil de ladrões.”

(Mateus 21:13)

 

 

Nos dias de hoje há uma necessidade urgente de líderes cristãos se mostrarem comprometidos com o discernimento da verdade, a defesa da fé e a proteção do rebanho de Deus. Essa obra nem sempre é fácil, nem agradável, mas é necessária. Os cristãos devem identificar e fazer oposição ao erro doutrinário e espiritual por uma razão fundamental: porque Deus nos comissiona a esta obra.

 

Já no primeiro século, na época do Novo Testamento, o Corpo de Cristo foi atacado por seitas e falsos mestres, e as epístolas nos dão repetidos avisos acerca de impostores espirituais. A epístola de Judas, nos versículos 3 e 4, nos exorta a batalhar “diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos, pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação”. Naquela época a fé cristã já tinha seus inimigos.

 

O apóstolo Paulo, em Atos 20.28-31, avisou aos bispos de Éfeso que os inimigos do evangelho surgiriam tanto de fora da Igreja (“entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho”) quanto até mesmo de dentro dela (“dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles”). Na segunda epístola aos Coríntios, Paulo menciona que a Igreja não é invulnerável ao erro (11.3-4, 13-15). Igualmente Pedro, em sua segunda epístola, exorta seus leitores a se acautelarem, pois “falsos mestres”, introduzindo “heresias destruidoras”, surgiriam no seu meio (2.1-22; 3.15-17).

 

O campo de batalha, hoje, não está mais restrito às regiões da Judéia e de Samaria, mas se estende a toda parte. Uma grande variedade de seitas nos nossos dias propaga falsos evangelhos, e muitas delas, de origem internacional, mudam suas táticas quando cruzam fronteiras, para dificultar sua identificação e facilitar sua infiltração e competição com a Igreja.

 

Os cristãos não podem cometer o grave erro de ignorarem tais enganadores e seus discípulos. As consequências são espiritualmente letais. Ao contrário, a Igreja tem de refutar e combater o erro com a verdade, ao mesmo tempo em que em compaixão resgata os cativos das garras do inimigo (2 Co. 4.3-4; 2 Tm. 2.24-26).

 

Para que isso seja feito, os cristãos devem entender que os antídotos contra impostores e suas fraudes são o discernimento e o conhecimento da verdade. Os cristãos precisam conhecer não só a verdade da Palavra de Deus (2 Tm. 3.16–17, Hb. 4.12), mas também a verdade sobre os impostores e seus grupos. Nisso, os apóstolos são o nosso modelo. Por exemplo, em Atos 17.16-34 Paulo usa seu conhecimento sobre as filosofias pagãs para evangelizar seus adeptos. Paulo, Pedro e João usam, em várias passagens, seu entendimento dos ensinamentos errôneos e heréticos dos gnósticos e legalistas judeus para os exporem e refutarem. Isso pode ser constatado na leitura de Gálatas, Colossenses, 1 e 2 Pedro, 1 João, etc.

 

Como cristãos, nós felizmente não temos que reinventar a sã doutrina a cada dia; como alguém já disse, nós nos apoiamos nos ombros de gigantes. Por dois mil anos, a Igreja tem sido mantida e edificada pela misericórdia, amor e providência de Deus, através dos ensinamentos apostólicos – ou seja, a “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”. Deus tem dado à Igreja líderes diligentes e estudiosos da sua Palavra, que por séculos têm defendido a ortodoxia doutrinária contra todo tipo de heresia, muitas vezes selando suas lutas com suas próprias vidas. O conhecimento do que a Igreja tem crido com relação à Palavra de Deus, e com relação às naturezas de Deus, do homem e do evangelho, é de vital importância para a preservação da sã doutrina.

Doutrinas falsas continuam a ressurgir a cada dia, e isso provavelmente não vai mudar até a volta do Senhor Jesus. Por isso, nosso desejo é insistir e trabalhar de forma árdua, não apenas na propagação deste alerta, mas acima de tudo no combate prático contra toda mentira que se arvora dentro ou fora da igreja

 

Entre a mordaça dos covardes e a trombeta dos arautos, tomamos posse desta última posição. Vivemos dias de tamanha apostasia que já se torna flagrante a celebração das heresias no meio cristão. Dias de G12/M12, de dança coreografada como ministério, de dízimos associados a bênçãos materiais, de pastores políticos, de ministério pastoral feminino, de gente caindo ao chão por suposto poder de Deus, de cantores evangélicos se vendendo e lucrando com a idolatria gospel, de teologias que endeusam o crente e subvertem o Criador, de gente que almeja tratamento apostólico e já não cabe em seu próprio narcisismo e de tantas igrejas lotadas de pessoas, mas vazias de Cristo. São dias nos quais essa é, sem dúvida, uma mensagem que não pode ser adiada e nem covardemente silenciada.

 

E você, de que lado está? Do lado dos covardes amordaçados ou da trombeta dos arautos? Nossa oração é para que este artigo, assim como todo o trabalho apologético que desenvolvemos aqui, possam de alguma maneira encorajar o maior número possível de sinceros cristãos a proclamarem Cristo, a viverem segundo os preceitos bíblicos e a protegerem Seu rebanho fielmente. E que os frutos sejam para a glória e honra exclusiva de Deus.