O pastor que eu não quero ser

13/03/2014 01:03

 

 

“Não a nós, Senhor, nenhuma glória para nós,
mas sim ao teu nome,
por teu amor e por tua fidelidade!”

(Salmos 115:1)

 

 

Alguns amigos mais próximos por reiteradas vezes me perguntam como pude ter recusado tantas propostas que me foram feitas por grandes e célebres ministérios, preferindo dar inicio a um novo trabalho, humilde, desprovido de recursos e sem qualquer reconhecimento. A resposta é simples: pouco me importa a aprovação dos homens, mas muito me interessa a aprovação de Deus!

 

 

O caráter de um pastor define o seu ministério. Isso significa que um pastor cujo caráter é íntegro produzirá um ministério limpo, cheio de graça e de verdade, um ministério sem nebulosidades. Contudo, um pastor sem caráter, invariavelmente, produzirá um ministério fajuto, hipócrita, caracterizado pela arrogância, vaidade, roubos (não só financeiros, mas de tempo e de vidas), adultérios e neuroses pessoais pretensamente anunciadas como revelações de Deus.



Quando se trata de liderança pastoral há um trecho da palavra de Deus que muito me chama a atenção. Está em Mateus 7:21-23, e diz: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.



O mais relevante nesse texto é o fato de que todas as realizações alegadas pelos que estão sendo reprovados no juízo final são funções associadas à liderança pastoral: profecias, expulsão de demônios, realização de milagres. Só líderes no reino de Deus realizam tais tarefas. O Senhor, entretanto, os reprova, pois o coração desses líderes não era limpo, seu testemunho era condenável, suas motivações mais íntimas eram mesquinhas e egoístas. Na verdade, esses líderes tomavam o nome de Deus em vão todas as vezes que realizavam milagres, profetizavam ou expeliam demônios, pois no dia-a-dia “praticavam a iniquidade”, promovendo em última instância a si mesmos.



Jesus, no sermão do Monte, entre outras coisas, declarou que são “bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mateus. 5:8). Deus se importa muito com um coração limpo. Por essa razão, Jesus inclui os limpos de coração, que nada mais são do que pessoas retas, íntegras e de caráter ilibado, em suas bem-aventuranças.

 

O pastor precisa ter coração limpo se deseja servir a Deus com integridade e um testemunho pessoal aprovado. Davi escreve “Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente” (Salmo 24:3-4). Por isso, o líder da igreja, deve conservar o “mistério da fé com a consciência limpa” (I Timóteo. 3:9).



Manter um bom testemunho por ter um coração limpo não necessariamente fará do pastor um sucesso entre os homens. Pelo menos enquanto este pastor estiver vivo. Depois de morto é outra história. Não obstante, é o bom testemunho que fará desse líder um vitorioso diante do Seu Senhor, pois Deus sabe que o bom testemunho agrega as ovelhas, enobrece o reino de Deus, honra o nome do Senhor e não escandaliza os mais fracos na fé.



Portanto, cabe a cada líder pastoral avaliar diariamente como está o seu coração. Esse exercício devocional é imprescindível para ser bem sucedido no ministério da Palavra.

 

É claro que existe outro caminho – por sinal seguido por muitos em nossos dias. O caminho da vaidade, do acúmulo de bens terrenos, do aplauso e dos fãs. É caminho de reconhecimento, de lucros e da fé material. Como também há o caminho dos paletós esvoaçantes, dos púlpitos cor de rosa, dos apóstolos pós modernos, da histeria neopentecostal, do marketing empresarial travestido de G12, da prostituição política e das catedrais suntuosas.

 

Mas quanto aos que assim profanam o sagrado ministério, eu os deixo sob a justiça de Deus, pois esse tipo de pastor eu não quero ser!