Tempos do fim: a idolatria na igreja

22/08/2014 10:47

 

“Por isso, meus amados irmãos, fujam da idolatria.”

(I Coríntios 10:14)

 

 

Quando o mero gostar, admirar e respeitar dá lugar a uma doentia veneração por pessoas e coisas, temos os sintomas já instalados da idolatria.

 

A idolatria é um dos pecados mais terríveis e abomináveis dentre todos os listados na Bíblia, porque consiste em dar glória e veneração a algo ou alguém que não seja o próprio Deus, o único que é digno de toda honra, toda glória, todo louvor e toda adoração. Entretanto, apesar de tão claro, este é um dos pecados mais praticados e mais ignorados em nossos dias no meio evangélico. É triste dizer e admitir, mas está se tornando cada vez mais comum a presença de jovens, adultos e até mesmo pastores evangélicos que desenvolvem, defendem e estimulam  comportamentos idolátricos em relação a pessoas e coisas que, obviamente, não devem receber a nossa adoração.

 

Idolatria não é só se prostrar diante de um ídolo de pedra, barro ou metal. Coisas ou pessoas também podem se tornar ídolos em nossa vida, quando começam a ganhar em nosso coração um lugar que não deveriam ter.

 

Veneração a cantores

 

Infelizmente, hábitos próprios do público do meio artístico secular estão cada vez mais sendo reproduzidos no meio evangélico brasileiro, devido ao crescimento e à maior visibilidade que os cantores evangélicos têm ganhado midiaticamente nos últimos anos, e que é decorrente do avanço ganancioso, voraz e lucrativo do mercado fonográfico evangélico brasileiro.

 

Não há problema algum em gostar de um determinado cantor ou cantora evangélicos, de sentir-se inspirado positivamente pelo seu ministério, de orar por ele ou por ela, ou mesmo, eventualmente, de fazer elogios que incentivem e apoiem seus ministérios. O problema surge quando, por exemplo, aquela pessoa começa a se tornar objeto de aplauso, ganhando um reconhecimento carnal, comparável ao que se vê na relação entre fãs e artistas do meio secular. A idolatria se estabelece quando perdemos a noção de que levitas não são cantores e que apreciadores não são fãs. Cantores que aceitam essa idolatria estão em pecado e aqueles que a praticam, igualmente.

 

Quando o vínculo emocional da pessoa com determinado cantor ou cantora começa a se tornar exagerado, afetando o comportamento dessa pessoa, então o processo já descambou para a idolatria.

 

Quando a presença daquela pessoa admirada no culto passa a ser mais importante do que o culto em si, então já estamos diante de um caso de idolatria.

 

Quando a ordem do culto começa a ser quebrada em nome de um frenesi enlouquecido diante do cantor admirado, então estamos diante de um caso clássico de idolatria dentro da igreja.

 

Quando tudo o mais é menosprezado no culto diante da presença do cantor ou cantora, desde a liderança da igreja até o culto em si, então a situação já saiu do controle.

 

Lembremo-nos que há o fogo estranho e há o fogo de Deus; há a verdadeira adoração e há a mera agitação carnal confundida com louvor a Deus. Não estamos condenando aqui o adorar a Deus com hinos animados, de celebração e alegria. Tudo isso é maravilhoso e legítimo. Estamos falando do perigo que é o culto se tornar um mero show,  do local de adoração a Deus se tornar um ambiente de torcida organizada, do púlpito se tornar um palco onde o foco é o homem, e não Deus. E tudo isso tem a ver tanto com a atitude de quem ministra como com a atitude daqueles que são ministrados e que estão ali para participar daquele momento.

 

Quando o culto a Deus dá lugar ao show do homem, então estamos diante de um pecado. Isso desagrada a Deus, ofende-O profundamente. Podemos chamar isso do que quisermos, mas não de culto a Deus, pois já deixou de sê-lo há muito tempo. É culto ao homem, é idolatria numa versão evangélica.

 

Idolatria a coisas

 

Mas, não só a idolatria a pessoas tem feito males na vida de muitos cristãos. A idolatria a coisas também. Há gente que é viciada em internet, fazendo com que toda a sua vida gire em torno do mundo virtual. A maior parte do dia é dedicada à internet, prejudicando o sono, a saúde, os estudos e o relacionamento com Deus, com os pais, com os irmãos e com os irmãos em Cristo. Há sobretudo mulheres cristãs que profanam a própria alma pelo vício em novelas e filmes, cujo conteúdo sujo e soterrado de feitiçarias, possui efeito letal para o relacionamento com Deus. Há, ainda, outros que são viciados em jogos eletrônicos, prejudicando seus estudos e o seu crescimento espiritual. Aliás, por falar em vida espiritual, esta é uma reflexão importante para ser feita a esta altura:

 

1. Afinal, como vai a sua vida espiritual?

2. Como vai o seu relacionamento com Deus?

3. Qual foi a última vez que você gastou tempo com Deus em oração?

4. Qual foi a última vez que você abriu a Bíblia para estudá-la ou para lê-la devocionalmente para sua edificação espiritual?

5. Qual foi a última vez que você evangelizou alguém? Quantas almas você levou a Cristo nos últimos tempos?

6. Qual foi a última vez que você dedicou tempo para ajudar as pessoas?

7. Será que a maior parte do seu dia é dedicada a coisas que realmente valem a pena ou só a futilidades?

 

Todos nós devemos ter tempo para o lazer mental, isto é, para coisas menos sérias e divertidas. Porém, nunca as amenidades devem ter a primazia sobre a nossa vida. Deus deve ser nossa prioridade, depois a nossa família, e em seguida os nossos relacionamentos com os irmãos em Cristo e com a igreja. As amenidades devem vir em quarto lugar na nossa escala hierárquica de valores.

 

Outros casos sutis de idolatria

 

O apóstolo Paulo afirma em Colossenses 3.5: “Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência e a avareza, que é idolatria”. Veja: Paulo fala de “afeição desordenada” e de “avareza”, que “é idolatria”. Avareza é apego às coisas materiais. Quando valorizamos mais os bens materiais do que o espiritual, estamos de cabeça para baixo espiritualmente. Estamos longe de Deus!

 

O profeta Samuel falou também sobre outro tipo de idolatria sutil no meio dos crentes. Disse ele, conforme registrado em I Samuel 15.23: “Porque a rebelião é como pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, Ele também te rejeitou a ti...”.

 

Ora, o que significa a palavra “porfiar”? Ela quer dizer, segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, “discutir com calor”, “insistir”, “teimar”, “competir” e “disputar”. Ou seja, insubordinação, disputa entre irmãos, espírito de competição dentro da igreja, teimosia, arrogância, contenda, tudo isso, afirma Samuel é pecado de idolatria. Você já parou para pensar nisso?

 

Paulo afirma que uma das características do Anticristo, e que é própria do espírito do Anticristo, é se levantar “contra tudo o que se chama Deus, ou se adora” e querer “se assentar como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” (II Tessalonicenses 2.4).

 

Não se engane: há muita gente que começa bem, mas acaba, infelizmente, perdendo a visão espiritual e, por isso, tem o seu coração cheio de altares. É gente que afirma que serve a um único Deus, mas possui um coração idólatra, repleto de “deuses”, quando também não adora a si mesmo.

 

Diga NÃO à idolatria

 

Que nós sejamos capazes  nesse momento de parar um pouco para refletir melhor sobre a nossa vida espiritual. O cristão não deve ser dominado ou escravizado por nada. Apenas Deus deve ser o Senhor soberano de sua vida.

 

Fora idolatria! Fora vícios! Viva à liberdade em Cristo – uma liberdade com responsabilidade, e que tem como foco principal o próprio Deus, o Senhor da vida!