Até que ponto você se sacrificaria por amor?

25/08/2013 22:55

 

Mensagem enviada por ANÔNIMA – Belém(PA)

 

Querido homem de Deus Reinaldo Ribeiro estou muito feliz por ter conhecido o seu trabalho e esse site maravilhoso onde você orienta e ajuda as pessoas que passam por problemas difíceis. Eu vivo uma triste situação no meu casamento e já não sei como contornar.

 

Eu conheci o meu marido há muitos anos atrás e logo de início nos entendemos tão bem que percebemos que fomos feitos um para o outro. Começamos a namorar e rapidamente decidimos nos casar. E esse casamento já dura 25 anos.

 

Os 20 primeiros anos foram impecáveis, mas lamentavelmente há cinco anos ele foi envolvido num grave acidente, pois trabalha como caminhoneiro. Todos davam o caso como perdido, mas graças a Deus após um longo período de tratamento, ele se recuperou.

 

No entanto, ele ficou com sequelas irreversíveis, dentre as quais a perda de todos os movimentos e funções físicas de seus membros inferiores.

Sendo assim, meu marido não consegue mais ter vida sexual ativa e isso trouxe um impacto terrível em nosso casamento.

 

Eu pensei que conseguiria superar essa dificuldade por amor a ele, no entanto pouco depois de um ano após o acidente, por motivo de carências e fragilidades, acabei iniciando um relacionamento com um amigo de meu marido, com quem vivo um caso amoroso até os dias atuais.

 

Infelizmente, por descuido, uma amiga em comum me viu aos beijos com essa pessoa que falei e contou tudo para o meu marido.

 

Isso ocorreu há dois meses e desde então nossa vida se tornou um inferno. Ele entrou em profunda depressão, piorou seu quadro de saúde e não consegue entender minha situação.

 

Não sei o que fazer. Nós somos um casal sem filhos e ele depende totalmente de mim para tudo. Não posso abandoná-lo, mas ao mesmo tempo sinto vontade de viver minha vida, pois ainda me sinto nova. Por outro lado, ele não confia mais em mim e por não ter meios de me vigiar, acha que está sendo traído a todo instante.

O que faço? Como consigo levar meu marido a entender meu lado nessa situação e me diga se estou em pecado diante de Deus, pois sou uma pessoa muito religiosa e não quero desagradar a Deus. Aguardo ansiosa sua resposta. Obrigado.

 

Resposta

 

Minha querida amiga, agradeço a confiança e o carinho de suas palavras. Lamentavelmente talvez eu não tenha a resposta que você gostaria de receber, mas tenho tanto respeito por sua alma, que não poderia de modo algum me furtar da responsabilidade de ser absolutamente sincero e invariavelmente fiel às minhas convicções.

 

Na Bíblia, em I Coríntios no capítulo 13, existe a célebre passagem acerca do amor, onde uma de suas importantes características é de que o amor “tudo sofre”.

 

Diferente do que muitos imaginam isso não significa que ao amarmos teremos que derramar lágrimas de tristeza ou de sofrimento, em função do sentimento que nutrimos por alguém. É um erro essa associação que alguns fazem entre infelicidade e amor. Esse “tudo sofre” na verdade poderia ser traduzido por “a tudo se sacrifica”.

 

Isso mesmo. O amor é um ato altruísta, de anulação plena dos nossos interesses e vontades. É uma espécie de mortificação do “eu” em prol da felicidade e do bem estar daquele(a) a quem amamos. Amar, portanto, é sacrificar-se.

 

Esse é o motivo principal de tantos relacionamentos não passarem sequer do primeiro ano. As pessoas querem o prazer da relação e todas as variantes do bem estar que possa gerar...mas, não estão dispostas a sacrificar seus interesses, suas vontades e sua pessoa. Chegando qualquer circunstância que assim exija, a relação simplesmente acaba, provando que nunca foi amor em seu real e puro sentido.

 

O seu caso é bem clássico e profundamente radical, pois aponta uma situação em que essa necessária decisão se apresente e não pode ser contornada.

 

Há uma profunda diferença em manter uma postura de fidelidade quando estamos sendo vítimas de alguma forma de descaso, indiferença ou mesmo traição, para uma realidade como a sua, onde seu marido, por força de uma tragédia pessoal, está impedido de exercer algumas funções físicas de sua masculinidade.  Se você não tem culpa, considere que ele muito menos e se você sofre com o fato, esteja certa de que ele muito mais.

 

Sendo assim, meu conselho é que você encontre em Deus forças para sublimar o que lhe falta, alimentando-se do amor que os uniu e ainda os une até aqui. As limitações físicas alteram apenas o cotidiano das ações motoras, mas não modificam a solidez de um sentimento verdadeiro que ele tem por você e que lhe exige o mesmo respeito e lealdade que havia antes do acidente acontecer.

 

A vida é um palco de contingências e todos os dias somos desafiados a carregar cruzes e a superar obstáculos intransponíveis para lógica e a forças humanas.

 

Manter-se fiel a um homem que não consegue ser plenamente homem pode parecer um discurso ilógico, mas eu lhe pergunto: desde quando o amor segue a lógica de nossa racionalidade?

 

Ame seu marido, arrependa-se do que tem feito até aqui e interrompa imediatamente esses atos desleais. Eu garanto que você consegue e garanto que salvar seu casamento, ainda que custando esse preço de sacrifício, lhe trará o sabor da verdadeira felicidade.

 

Estarei orando por vocês!

 

 

 

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