Deus fala com os solitários
“Bom é o Senhor para os que se atêm a Ele, para a alma que o busca.
Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.
Bom é para o homem (…) assentar-se solitário e ficar em silêncio.”
(Lamentações 3. 26 – 28)
Há uma solidão que fere o coração humano e que o arrasta para o fundo, para baixo. Não importa quantos estejam ao seu redor, ele se sente sozinho e abandonado, vazio e angustiado, nada e nem ninguém o preenche. Ele se sente só seja em uma festa, em seu trabalho, em qualquer lugar, independente de quantos estejam ao seu redor. Ele se sente só em meio a 7 bilhões de habitantes no planeta.
Corações que vivem longe de Deus, alienados de Deus, permanecem inquietos e solitários. Essa é a solidão humana. Somente quando a alma se sente abraçada por Deus em Seu amor, é que essa solidão cessa.
Há, porém, outra solidão. A solidão que deve ser buscada, ansiada, desejada. O tempo de estar sozinho com Deus. Esse é um tempo bom, abençoado, em que nos colocamos diante de Deus com nossas lutas e saímos renovados.
É dito na Bíblia que Jacó ficou só e lutou com um Anjo de Deus até o romper do dia (Gênesis 32.24). Naquele dia não mudou apenas seu nome para Israel, mas mudou a essência de seu ser, mudou o seu destino.
Até mesmo sobre Jesus nós lemos: “E, levantando-se de manhã muito cedo, estando ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava” (Marcos 1.35). Era nessa solidão que Jesus encontrava forças para abençoar as multidões. Levar uma vida cristã significa viver no mundo sem ser dele. É na solidão que essa liberdade interior se fortalece.
Só você e Deus. Renunciando a companhia humana para desfrutar da companhia divina. Quem já experimentou momentos especiais como esse, em que tudo o mais silencia e só nossa alma dialoga com Deus, sabe o quanto isso é bom e abençoador. Há momentos de se buscar a Deus com nossos os irmãos. Há momentos de se buscar a Deus com a família. Há momentos de se buscar a Deus sozinho. E estes momentos são seguramente os mais preciosos.
Quando passeamos pelas páginas da história da Igreja vemos que inúmeros foram aqueles que aprenderam que na solidão há força. Não a solidão destruidora do mundo, que corrói a autoestima e mata a luz interior, mas a solidão dos redimidos, os quais aprenderam que o melhor refúgio é Deus.
O retiro é o laboratório do espírito. A solidão interior e o silêncio são suas duas asas. Todas as grandes obras foram preparadas no deserto, inclusive a redenção do mundo.
E para finalizar, uma palavra do profeta Jeremias, um gigante espiritual que enfrentou toda uma nação e venceu. Muitas vezes ele se viu em períodos forçados de solidão, mas era nas solidões voluntárias que ele sabia e conseguia obter um encontro com Deus e o seu poder.
Hoje não é diferente. Deus ainda fala de forma poderosa com aqueles que aprendem o valor de se investir longas horas longe de tudo e todos, dos interesses e agitações da vida, para que se tenha um mergulho profundo no extraordinário universo da oração e da meditação bíblica. Sem essa solidão é impossível ouvir a voz do Senhor!