Mundo ou Igreja? Faça a sua escolha.

20/12/2014 01:07

 

 

Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens,

educando-nos para renegadas a impiedade e as paixões mundanas,

vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente”.

(Tito 2.11-12)

 

A Igreja e seus desafios

 

A Igreja é uma instituição estável convivendo em um ambiente de constante transformação. Eterna em suas notas características, a atuação, entretanto, se desenvolve no tempo. Seu Fundador deixou à Hierarquia, guiada pelo Espírito Santo, o legado de uma sublime e revolucionária Mensagem. Em outras palavras, adequar ao momento presente a Boa Nova. Ora, cada século difere do anterior, a realidade muda incessantemente. Surgem, então, problemas, dificuldades e dúvidas.

 

Em todo esse quadro, fica patente que a Igreja não fala apenas do amanhã, do futuro; seu papel começa hoje, na vida real de cada fiel. Ela, necessariamente, influencia cada indivíduo e, portanto, a sociedade temporal.

 

O problema maior se dá quando esta lógica se inverte e a igreja influenciadora passa a ser um rebanho influenciado. Esse é o Mundanismo, um inimigo silencioso, avassalador. Uma arma diabólica, que usa máscaras de inocência, que convulsiona a identidade da fé, que se traveste de estratégia evangelística e que, por fim, mata por asfixia a santidade cristã.  Sua atuação é muito variada: na teologia liberal e humanista, na linguagem, na postura social, nos usos e costumes. Seu alvo é demolir todas as formas de diferenciação entre o filho de Deus e o ímpio, num processo gradual, que culmina com a mais abominável apostasia.

 

Definindo o Mundanismo

 

Antes de qualquer coisa, é válido definirmos o que é mundanismo. Com ampla base nas Escrituras, podemos dizer que mundanismo é a natureza humana sem Deus, sendo governada pelo deus deste século. Ou seja, aqueles que amam este mundo são controlados por interesses mundanos, como: a busca por prazer, poder, pelo padrão de beleza imposto, sucesso, por aceitação social, conforto e tudo o que este mundo pode oferecer.

 

Certa vez, Jesus falando à multidão disse-lhes: “Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai do homem é o que o contamina. Porque de dentro do coração dos homens é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, mentira, a soberba, a loucura” (Mc.7.15,20,21). Apesar de já nascermos com a semente do pecado, herdada de Adão, o apóstolo João nos dá esperança de vitória sobre essa grande desvantagem. Ele diz: “todo o que é nascido de Deus vence o mundo”. MAS, o que significa “vencer o mundo”?

 

 

Algumas pessoas acreditam que só é possível ganhar a luta com isolamento ou fugindo do mundo, como um soldado que evita o sofrimento e foge da batalha, ou como os monges, que se retiram para seus mosteiros. Entendo, porém, que o apóstolo, no texto mencionado anteriormente, está nos encorajando a vivermos no mundo, sem fugir dele, mas também sem permitir que o mundo viva em nosso coração, em nossa maneira de pensar, falar e agir. Assim como Jesus orou ao Pai pelos seus discípulos, Ele não pediu que os tirasse do mundo, mas que os livrasse do mal (desse mundo), nós também devemos permanecer nele.

 

O amor a Deus e ao mundo são posturas incompatíveis (“Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo — a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens — não provém do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” (I Jo.2.15-17).

 

Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer um e amar o outro, ou terá devoção por um e desprezará o outro (Lc 16.13). O abandono da fé em Cristo e do caminho de santidade começa no coração, quando desprezamos as verdades de Deus pelas mentiras e enganos que o mundo nos oferece. Lembre-se: a nossa vontade se inclina de acordo com o que amamos.

 

Apenas um único sentimento deve governar nossas vidas: uma paixão santa por Deus e pela Sua obra. No entanto, o mundo está em batalha constante contra Cristo e sua igreja. Ao aconselhar tantas pessoas que me escrevem e que se desviaram dos caminhos do Senhor, vejo as mesmas paixões mundanas dominando seus corações: amizades e conversas mundanas, filmes de terror ou com cenas imorais, desejo de usar roupas indecentes e sensuais para chamar a atenção dos homens, músicas com letras pervertidas e obscenas, pensamentos e imaginações lascivas, que provocam a autossatisfação por meio da masturbação, ou relacionamentos sexuais ilícitos. É surpreendente, mas em cada relato que recebo, um ou outro elemento destes que citei se fazem presentes.

 

Hoje, os celulares e a internet estão sendo usados como verdadeiras armas mundanas para derrubar principalmente a juventude cristã, que se entrega a uma idolatria de relacionamentos, escolhendo desobedecerem a Deus e aos pais, trocando a própria família pelos seus amigos do mundo. Isso se torna como uma droga, viciante e letal como qualquer entorpecente.

 

Como vencer o mundo?

 

A vitória sobre o mundo exigirá uma decisão de romper claramente com amigos, estilos e hábitos de vida mundanos. Assim como Josué disse: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15b), temos de priorizar o temor do Senhor acima do temor aos homens, considerar mais valiosa a vontade de Deus do que a dos homens, aceitando, assim, a rejeição daqueles que estão no mundo por conta disso. A lealdade a Deus nos levará a uma verdadeira liberdade em Cristo. O pecado nos escraviza!

 

 

Alguém que vence o mundo vive além das circunstâncias. Nada e ninguém poderão afastá-la do viver centralizado em Cristo. Isto significa permanecer em paz consigo mesmo, ainda que os amigos e as pessoas nos desprezarem por servirmos ao Senhor, suportando com paciência as perseguições. Lutero disse que sofrer perseguições é uma característica inevitável do cristão. Por isso, não é de espantar que as pessoas do mundo, que odeiam Cristo, nos odiarão também. O mundo que sorri para nós é um lugar perigoso. Crentes que andam como mundanos, tanto nas imperfeições de caráter, quanto na imagem exterior (e isso inclui aparência física, trajes e linguagens), perdem moral e autoridade perante este mesmo mundo.

 

Esse combate requererá de nós uma constante autorrenúncia. Abraão é o maior exemplo de alguém que, renunciando a si mesmo, obedeceu a Deus saindo de sua parentela, sem saber para onde ia; abriu mão das terras regadas pelo rio Jordão, para entregá-las ao seu primo Ló; recebendo a ordem de Deus para sacrificar seu único filho Isaque, como prova do seu amor leal, não hesitou em obedecê-lo. Será que temos tido essa mesma fidelidade e lealdade a Deus?

 

 

Atualmente, pouco se fala sobre a separação do cristão do mundo. Paulo disse: “Não vos ponhas em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade?” Nenhuma! Ou “que comunhão há da luz com as trevas?” Nenhuma! (II Co 6.14).  Ou “que harmonia, entre Cristo e os demônios? (v.15) Nenhuma! Ao contrário, somos exortados a sair do meio deles: “Retirai-vos do meio deles” (17). O que significa que devemos nos retirar do meio da iniquidade, das trevas, dos artifícios satânicos, da vida e do mundanismo do incrédulo. Você se retira da aparência e dos sistemas mundanos ou o imita com sua imagem, linguagens e comportamentos?

 

Abandone o mundanismo agora mesmo

 

Querido(a) leitor(a), talvez você esteja se perguntando: “Como sair, se estou rodeado de pessoas mundanas em casa, no trabalho, na família, na escola e até mesmo na igreja que frequento aos domingos?” Essa é a realidade de todos nós, mas temos a resposta na carta de Paulo aos romanos no capítulo 12 versículo 2. “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. O sacrifício que Deus pede hoje de nós, homens e mulheres cristãos, é uma vida santa (separada) e agradável a Ele. Um estilo de vida que expressa completa devoção e satisfação em Cristo. Não devemos ser moldados pelos pensamentos feministas ou machistas do mundo e nem pelos que ditam a sua moda. Podemos encontrar na graça de Deus e em sua Palavra, tudo que precisamos para vivermos, aqui nesse mundo, de maneira realizada e feliz, cumprindo a missão que Deus tem para cada um de nós.