O CASAMENTO NA MODERNA SOCIEDADE OCIDENTAL

07/08/2012 13:06

 

 

O casamento é uma forma de entrelaçamento a dois antiquíssima. Recentes achados arqueológicos comprovam sua existência mesmo em períodos ainda mais remotos ao que se presumia pelo senso comum vigente. Isso perpassa não apenas um longo traçado histórico, mas também as mais diversas culturas. Bárbaros se casavam, nobres se casavam, aborígenes, nativos, seres civilizados ou não, enfim, todos se dão, de diferentes formas, mas com uma conotação básica comum, a esse laço de profundo sentimento simbólico a prático.

 

A relação entre amor e casamento

 

Nas sociedades primitivas e mesmo com o advento das evoluções científicas e antropológicas, o casamento sempre foi um vínculo de caráter político e econômico. A expansão de reinos, a manutenção de castas e aristocracias sempre tinham fundamento num planejamento matrimonial, onde seus filhos eram unidos com a intenção de sustentar a estrutura social em que viviam. Logo, não é uma invenção das sociedades modernas o uso do casamento como um instrumento de ascensão ou manutenção da realidade socioeconômica de seus envolvidos.

No entanto, o casamento por amor também não é uma novidade. Em períodos mais remotos, os pobres também se casavam, ainda que informalmente e á revelia das contemplações legais de reinos e impérios, onde tal prerrogativa só era reconhecida para aqueles que pertenciam aos extratos mais elevados. Logo, de pessoas que naa tinham a trocar e oferecer se casavam, isso mostra que o faziam pelo sincero sentimento da paixão amorosa.

 

Diferenças relevantes

 

Tendo em vista que o interesse financeiro por trás dos casamentos é um fenômeno social praticado pelo homem desde as mais remotas épocas, isso poderia encorajar alguns a legitimá-lo. No entanto o contexto de valores que norteava aquelas sociedades e o conunto de informações que lhes regia a consciência não eram os mesmos que regem as modernas sociedades.

A experiência histórica, inclusive, deixou um legado informativo importante para a posteridade, onde descobrimos que grandes guerras e tragédias sociais se deram em decorrência desses casamentos aristocráticos e burgueses, que por estarem fundamentados em interesses econômicos e não amorosos, acabam por descambar em conflitos sangrentos e acirramentos de ódio e rivalidades entre nações. Poucos e notáveis são os registros positivos desse tipo de arranjo matrimonial.

 

A influência religiosa

 

A colonização trouxe um legado religioso a cada uma de suas terras conqistadas. Por conta da hegemonia do catolicismo romano, essa foi a filosofia religiosa prevalecente. Mesmo com o advento da Reforma Protestante e a expansão de outros segmentos de fé ao longo dos tempos, as premissas fundamentais do casamento, em suas óticas, parecem harmômicas. Ambas realçam que tal decisão está contida na universalidade sobenana do amor. Obviamente esse é um discurso nem sempre praticado e seguido, mas que inegavelmente exerceu e ainda exerce grande influência na vida daqueles que decidem casar-se.

 

A influência capitalista

 

Ocorre, porém, que a influência religiosa tem sofrido ao longo das últimas décadas um duro golpe promovido pela intervenção de um modo capitalista de vida, hoje amplamente globalizado e tido por irreversível na ótica de muitos. Dentro desse novo modelo, a realização profissional adquire status de prioridade. O conforto proporcionado pela ascensão social é tamanho, que chega até mesmo a ser legitimado por modernas correntes teológicas, que chegam ao absurdo de associar pobreza com falta de fé e riqueza com fidelidade a Deus.

Nessa mesma toada os comportamentos e as consciências se alteram. Algumas composturas antes retidas pelo pudor de suas consequências interpretativas, hoje são defendidas em praça pública e em horário nobre nos veículos de mídia. Uma delas diz respeito à chamada "nova mulher", que se insere na vanguarda de tudo que lhe rodeia, que avança de seu "status subalterno" para uma "posição de liderança" em todos os níveis e camadas. Muitos outros movimentos vem a reboque e de mãos dadas, sendo que ambos administram uma visão completamente nova acerca de tudo, inclusive do casamento.

 

Modernidade ou retrocesso?

 

Quem faz apologia ao "novo", muitas vezes por ignorância histórica, não se dá conta de que apenas reedita o "velho".

A influência capitalista tem como uma de suas demandas e pilares o reposicionamento da mulher como ator fundamental de uma nova sociedade. Isso a priori soa muito bem aos ouvidos do universo feminino, mas tem sido catastrófico às estruturas familiares, cada vez mais fragilizadas e pulverizadas, à proporção em que os laços de família vão se desfazendo.

Na verdade esses laços de família estão cada vez menos consolidados, já que a realização profissional e econômica tem sido um verdadeiro mantra ensinado à mulher desde a sua mais tenra idade.

Somente quando essa realização não se consuma ou mesmo não corresponde ao nível de esforços da pessoa em questão, por razões das mais diversas, é que entra a figura do casamento, como uma espécie de rápida solução para a proiblemática social e o meio mais fácil de ascensão a se viabilizar. Essa é a raão pela qual homens ricos não costumam ter problemas para encontrar boa companhia feminina ou até mesmo para achar uma pretendente a algo mais sério, como é o casamento.

Sim é óbvio que isso também ocorre com o gênero oposto. É verdade que homens também têm se valido dessa estratégia para se locupletarem financeiramente, mas devemos ressaltar que homens em geral não escolhem parceiras por motivação financeira e sim sexual, já que a primeira motivação de toda aproximação masculina, numa maioria esmagadora, é essa. Se uma mulher habitar debaixo de uma ponte, mas fizer o perfil despertador da libido masculina, ela não será descartada - fato esse pouco provável em circunstâncias opostas.

 

Casamento e Prostituição

 

Primeiramente, um breve conceito do que seja a prostituição: "atividade de quem obtém lucro através da oferta de seu próprio corpo."

De forma muito clara e simples, fica evidente para nós, que um casamento motivado por interesses financeiros é uma óbvia forma de prostituição. A concepção tingida por preconceitos de que a prostituição está confinada à degradação das ruas ou ambientes afins é algo puramente demagógico. As prostitutas atuais estão nas altas escalas sociais, nos centros universitários particulares, nos vantajosos empregos da iniciativa privada e lamentavelmente também nos altares matrimoniais requintados.

Partindo desse pressuposto deixo à administração da consciência de muitos pais o fato de que ao orientarem suas filhas a que se casem apenas com pessoas de poder financeiro elevado, os mesmos estão criando nelas uma cultura de prostituição, ensinando-as uma visão inversa dos valores primordiais do caráter humano, diminuindo inclusive o verdadeiro lucro de nossas almas, que é a sua felicidade plena.

Mulheres que desde a juventude aprendem a trocar prazer por dinheiro igualmente se candidatam à perda de um ego equilibrado e se aproximam da mais triste de todas as consumações interiores, que é esse infindável buraco negro da ganância a todo custo. Outra coisa senão grande frustração é o que lhes aguarda no futuro.

 

Quando filhos e pais pensam de forma oposta

 

O amor é uma energia divina e de potencial avassalador. Sua chegada muitas vezes desfaz mesmo a concepção adquirida de que deve-se casar apenas quando há segurança fianceira. Isso ocorre sobretudo quando pessoas pertencentes às classes abastadas apaixonam-se por outras oriundas das excluídas. Para muitos pais isso representa um autêntico terror. Mas não deveria ser necessariamente assim.

O supremo valor da educação familiar há de ser sempre o do caráter equilibrado, forte e límpido. Nossos filhos e filhas devem ser ensinados a amar a Deus, o trabalho digno, os estudos, a diligência, o respeito e a boa cidadania. Essas influências terão repercussões positivas nas decisões futuras que eles tomarão.

Quando num dado momento surgirem com a apresentação de uma pessoa em suas vidas, há de convir sobretudo quem seja tal pessoa no que concerne também ao seu caráter. Um homem rico e preguiçoso não é mais vantajoso para uma mulher do que um pobre trabalhador. Um homem abastado financeiramente, porém violento, mal e possessivo não lhe fará maior bem que um pobre amoroso, carinhoso, leal e amigo.

Portanto o contexto de análise é outro e o âmago das decisões passa por núcleos mais nobres e elevados, onde a felicidade de nossos filhos, e portanto a nossa também, tem atrelação real com a sabedoria de sua decisão e não com o opostunismo que possa lhe motivar.

 

Assim pensamos, humildemente, diante de Deus!

 

Reinaldo Ribeiro