O MITO DA INDIGNAÇÃO POLÍTICA

14/09/2012 12:17

 

 
No Brasil a cada dois anos vive-se o palco do espetáculo político eleitoral, no qual evidenciam-se talentosos atores e atrizes, que atuam sob seus roteiros de compra e venda daquele que é o maior engodo da utopia democrática nacional: o voto.
 
Uma miragem chamada democracia
Sob a égide do "Governo do Povo", seria o Regime político que se funda na soberania popular, na liberdade eleitoral, na divisão de poderes e no controle da autoridade. No entanto, em se tratando de Brasil nada é mais totalitário do que a democracia, o que se comprova por meio de determinandas e deploráveis realidades, tais como:
 
1. Altas cortes do poder judiciário formadas por indicação política e não por concurso público
 
2. Obrigatoriedade do voto
 
3. Segmentos da imprensa legalmente nas mãos de grupos políticos
 
4. Presidência de tribunais de contas ocupada por indicação do poder executivo
 
5. Legislação eleitoral que não impõe igualdade de condições entre candidaturas etc.
 
Nesse contexto, a primeira constatação eleva-nos à verdade de que nossa democracia é apenas uma camisa de força invisível, que esconde a ditadura branca que atua por trás de si.
 

A cultura da desonestidade

A conotação moral que prevalece em toda e qualquer sociedade aponta para o fato de que o indivíduo humano, por razões várias, tende a optar por um caminho, seja ele bom ou mal. Isso explica o fato de que sociologicamente é natural que hajam cidadãos de bem e crimonosos, pessoas que abraçam a lei e outras que flutuam à sua margem por livre decisão. Mas no Brasil essa é uma matemática inexata. Aqui a desonestidade não é particularidade dos maus e sim uma marca cultural, não apenas livremente aceita, como, inclusive, associada à idéia de inteligência e esperteza. Aqui, roubar e não ser flagrado é motivo de aplausos.
Por conta dessa cultura trágica, temos uma sociedade (e não apenas parlamentos) corrupta e o aproveitamento das oportunidade ilícitas de benefício próprio dão-se no dia a dia do cidadão comum até a mais elevada autoridade.
 

Quem é o corrupto?

Essa pergunta é muito relevante. É comum que ouçamos a máxima de que determinado cidadão adentrou o cenário político como pessoa ilibada, vindo a corromper-se posteriormente, por influência do meio.
Particularmente, discordamos dessa teoria. O corrupto não é um alienígena que caiu acidentalmente de sua nave bem em cima do seu mandato. É uma pessoa normal, que saiu do seio popular, que aprendeu e conviveu com as mesmas influências presentes na vida de todos nós. Sua índole não foi constituída após uma eleição. Seu "defeito de fabricação moral" é bem mais anterior, vem de berço, está no DNA de suas sementes interiores e apenas acham ocasião de agigantarem-se quando acham uma oportunidade para tal.
Portanto, não existem políticos corruptos e sim uma sociedade corrupta que os fabrica em escala industrial, através do senso comum de que "roubar é sinônimo de inteligência".
 

Cada povo tem o governo que merece?

Esse adágio chinês pode não ser plenamente aplicável, já que alguns povos são vítimas de regimes totalitários e ditaduras exercidas com violência e intolerância. Mas se falamos de Brasil, nada poderia ser mais verdadeiro.
Vítima de séculos de cauterização mental e dos processos de anestesia cultural legados por festas nefastas e maquiavélicas, dentre as quais destaca-se o carnaval, as quais são planejadas e patrocinadas pelo poder vigente, justamente para bloqiuear o senso crítico e a consciência política do povo, o cidadão brasileiro simplesmente trabalha em prol daquele que o massacra.
Prova disso está no imenso preconceito que o pobre tem para com outro pobre; de onde nasce a premissa de que 'sem dinheiro ninguém ganha uma eleição". E sendo verdadeira essa premissa, tem-se a clara confissão de que votos são vendidos e comprados com a mesma naturalidade com que são esquecidos após a realização dos pleitos.
 

Indignação ou frustração?

Por isso, não cremos no discurso supostamente indignado que ressoa por todos os lados nos períodos eleitorais. 
Quem são esses que atacam a classe política e o poder dominante? Quem são esses pequenos partidos (tidos de esquerda) que apedrejam freneticamente seus opositores poderosos?
Porventura não seriam pessoas iguais áquelas que um dia também foram honestas até chegarem lá e mostrarem uma outra face?
E não seriam também semelhantes a partidos políticos que tiveram uma história de apoio à classe operária e de luta contra a dominação burguesa, mas que, em chegando ao poder, tornaram-se ainda mais vorazes que seus históricos opositores?
Disso tudo depreendemos que muito do que se diz indignação, nada mais é do que a frustração por não se dispor das mesmas possibilidades de benefício próprio.
 

Em quem confiar?

A Palavra de Deus diz em II Coríntios 5:17 - "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo."
A história da humanidade - e com a brasileira não é diferente - dá prova de que o homem e suas instituições são corruptos e corruptores. A sedução imposta pelo dinheiro e pelo poder são irresistíveis para a alma comum.
Por isso a Bíblia nos fala em nascer de novo. Na época de Jesus, um líder religioso ficou extremamente confuso quando ouviu do Salvador que precisava passar por essa experiência.
Na verdade, trata-se de um encontro verdadeiro com Deus, do qual resulta uma transformação profunda de caráter e de conduta.
Isso não significa que temos necessaruamente que votar em padres e pastores (em geral, eles são mais ladrões que os não religiosos), mas que antes de pensarmos numa sociedade governada por homens honestos, temos que entender na necessidade de sua transformador interiores, com uma injeção definitiva de Deus em seus princípios, a fim de que reformulemos conceitos antiquíssimos que associam maus procedimentos com graus de inteligência e que nos induzam a buscar o uso racional de um grande bem que nos foi dado pelo Criador, que é o senso crítico e a capacidade lúcida de escolha.
Com uma sociedade transformada, escolher um bom representante político não será difícil, por é dela que eles virão, assim como dela surgem os atuais.
 
 
Reinaldo Ribeiro