O valor da personalidade e a ditadura dos comportamentos

09/09/2014 02:04

 

 

"Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não;

porque o que passa disto é de procedência maligna."

( Mateus 5:37 )

 

 

A transição que marca a passagem da infância para a fase semiadulta costumar ser marcante. Eu sempre fui muito observador e concentrado. E lembro-me com total exatidão de todo aquele período conturbado, da imensa preocupação que eu já tinha em nutrir uma consciência forte e atuante, e de todas as críticas que sofri pela decisão tomada desde jovem de não ser manipulado por tendências e modismos.

 

Minha avaliação pessoal é de que isso foi profundamente salutar e contribuiu decisivamente para a consolidação do homem sereno que pela graça de Deus eu consegui me tornar. Todavia, são poucos os que optam por essa postura, seja pela precariedade de seu poder pessoal de decisão, seja pelo assédio avassalador e a força de convencimento que as manipulações sociais exercem sobre as consciências humanas.

 

A Palavra de Deus nos exorta a que saibamos e tenhamos firmeza na ocasião do sim ou do não. Dizer sim para algo maléfico e dizer não para o que nos traz o bem, seguramente são equívocos de trágicas consequências, sendo que nesse particular reside a razão pela qual muitas pessoas envelhecem ilhadas por um  oceano de infelicidade.

 

A vida é uma constante exposição de oportunidades e decisões. Todos os dias somos confrontados com situações que exigem a tomada de uma postura e a escolha de um caminho a seguir. Quando somos sábios, entendemos a necessidade de pesar prós e contras, para só então estabelecermos uma tomada de decisão. Mas quando somos tolos, julgamos que seja mais cômoda a postura de simplesmente seguir os impulsos, as emoções ou o pensamento da maioria.

 

Isso explica porque Jesus afirmou em Mateus 7:13-14 que a porta que dá acesso à salvação é estreita e o caminho que conduz aos céus é apertado, sendo que poucos são os que optam e acertam por eles. Nem todo sim é fácil e nem todo não está isento de abnegações. Muitas são as pessoas que não estão dispostas a dizer sim a Deus, o que na prática implica em dizer não aos seus próprios interesses, ao mundo juntamente com suas ofertas, à ambição, ao materialismo, ao revanchismo, à malícia e à impureza generalizada.  Reverenciar com os lábios uma imagem da cruz é muito mais tranquilo do que tomar sua própria cruz e seguir a Cristo. E nesse contexto, muitos têm andado em direção à própria destruição, justamente porque invertem as ocasiões para o uso racional do sim e do não.

 

O sim e o não para si próprio

 

A construção do âmago humano em geral é um trono regido pelo próprio ego. Desta feita, poucos são aqueles que militam contra seus próprios interesses. A lei geral do "sucesso" estabelece como norma exatamente o contrário. O conceito de vitória dessa geração passa pelo pódio da conquista em relação aos outros e a visão mercadológica da vida transformou irmãos em concorrentes. Por essa razão, as pessoas pisam umas às outras, enganam-se, julgam-se e até ceifam suas existências, em nome do próprio ego.

 

A felicidade, porém, andará a quilômetros de distância desses que assim procedem. É preciso que aprendamos a dizer sim para o bom caráter, o altruísmo (palavra escarnecida nos dias atuais) e a manutenção de um coração humilde, sincero e cheio de fé. Semelhantemente, para que haja saudável equilíbrio, convém que saibamos dizer não a tudo que compromete a sustentação de um caráter reto e piedoso, tendo como regra invulnerável a decisão de nunca acompanhar, reproduzir ou apoiar qualquer princípio contrário à Palavra de Deus, à justiça e ao bem comum.

 

O Sim e o não para o mundo

 

Talvez não existam mais senzalas e pelourinhos, mas isso não significa que não haja escravos. Em verdade, estes nunca foram tão numerosos como o são em dias atuais. Escravos da mídia, dos modismos, da ditatura da beleza imposta, da vaidade patológica, da violência, do sexo banal, das drogas lícitas ou não, da religiosidade vã e da cegueira espiritual, desfilam aos milhões por toda a superfície do globo terrestre.

 

Dizer sim para o mundo e seus sistemas pode parecer a chave para a aceitação de suas "tribos", mas também pode implicar na perda do passaporte para os céus, uma vez que a glória vindoura não estará à disposição daqueles que se alegram com o mal ou a ele se associam.

 

É aceitável que digamos sim ao mundo tão somente no intuito de melhorá-lo, disseminando um testemunho de vida exemplar e mensagens claras de oposição às suas mazelas e futilidades.

 

Igualmente necessário é que digamos não para todas as más influências, para os procedimentos destrutivos da moral e da saúde física. Digamos não para as tendências promiscuas e licenciosas das sociedades modernas, para suas investidas contra a família e contra os valores cristãos. Digamos não para a mídia manipuladora, que fabrica padrões de comportamento, os quais são absorvidos por milhões de anencéfalos (pessoas sem cérebro) morais. Digamos não para toda forma de idolatria, para o ceticismo e suas propostas absurdas, assim como para a pseudo fé, que se limita á mera religiosidade e esquece que servir a Deus numa aliança de compromisso e de ruptura com tudo quanto afronta a sua santidade.

 

O sim e o não para Deus

 

Seguramente poucos são os que se encorajam a admitir que dizem não para Deus. Com exceção daqueles que se assumem céticos, todo o restante da humanidade acredita-se leal a Deus. Mas um exame íntimo de consciência, pautado em nosso conjunto de valores e no conjunto de nossos procedimentos é o que definitivamente definirá se na prática a nossa vida é um grande sim ou um imenso não para Deus.

 

Não importa se você pertence ou não a um grupo religioso. Não faz diferença se você cumpre regras e tradições religiosas. Caso esteja seu coração ligado ao mundo, então é a ele que você pertence. E se você pertence ao mundo, isso subentende um "não" para Deus.

 

Uma questão de personalidade

 

A pior postura do ser humano é a indefinição. Coxear entre dois caminhos é o mesmo que optar pelo distanciamento de Deus. Nenhum de nós achará felicidade na simples decisão de pensar e viver como faz a maioria. Lembremo-nos da passagem de Mateus já citada aqui: poucos são os que acertam pelo caminho da salvação e a grande maioria prefere o largo e espaçoso caminho que conduz à perdição.

 

 

E você, o que prefere? Andar com a maioria ou servir a Cristo? 

 

Questão de fé e de personalidade!

 

Deus o abençoe.