A Verdade que aos surdos não interessa

24/03/2014 18:13

 

 

"E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas,

em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar,

socorros, governos, variedades de línguas".

( I Coríntios 12.28)

 

"Mas faça-se tudo decentemente e com ordem".

(I Coríntios 14.40)

 


Meditando nesses versículos, podemos entender por que há tanto desacerto e tanta incoerência em boa parte do comportamento e dos ensinos protagonizados por muitos “líderes” atuantes hoje no meio dito evangélico.

 


São lobos astutos travestidos de líderes, que se aproveitam da forma como o sistema “funciona” e do modo como está organizado. São profissionais eclesiásticos que buscam primeiro e antes de qualquer coisa, seu próprio bem-estar e interesses pessoais, camuflados em discursos, como quem busca, propaga, defende e vive o Reino de Deus. Mas na verdade estão longe de toda essência e verdade daquilo que seja o santo e bíblico evangelho de Cristo Jesus.

 


São estes os que almejam tomar conta de tudo e organizam “convenções” para lhe respaldar. São líderes que combatem qualquer pregação ou pessoa que possam colocar em risco o seu “apostolado”.

 


Alardeiam toda novidade que aparece na praça, investem em qualquer estratégia evangelística que esteja “dando certo”. Imitam e copiam descaradamente todo tipo de evento que dê retorno financeiro e que atraia mais pessoas para os seus currais. Chamam de “mover de Deus”, qualquer coisa que promovam, e assim enganam multidões. Semelhantemente, muitos irmãos abrem mão da capacidade de pensar e se deixam manipular pelos tais.

 


Nesse contexto de “liderança”, qualquer pensamento que tenham é atribuído à voz do Espírito Santo. Qualquer pretensão que cultivem é chamada de ordem de Deus. Qualquer palavra que falam são profecias. E quando pensam ou imaginam toda sorte de situações sobre fatos ou pessoas, imediatamente afirmam tratar-se de uma “revelação”.

 


São amantes do reconhecimento público, gostam do aplauso, da admiração, de serem aclamados por títulos semelhantes aos autênticos servos de Deus da era bíblica e se orgulham de serem vistos como homens cheios do Espírito Santo, muitas vezes simulando línguas estranhas em todas as ocasiões, claramente afrontando a Palavra de Deus, que afirma: “E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus". (I Coríntios 14:27-28).

 


Alguns pregadores usam e abusam das técnicas de manipulação de massas; gritam exageradamente durante muito tempo, até conseguirem influir no emocional das pessoas; alteram a velocidade do discurso, o tom de voz, e assim persistem até que todos estejam gritando, chorando, numa catarse coletiva. E a esse tipo de histeria, que não passa de técnica de manipulação mental, chamam de presença do Espírito Santo.

 


O Espírito Santo pode agir e fazer o que quiser, do jeito que quiser e se manifestar das mais variadas formas, Ele é Deus, Ele é Soberano. Não ouso questionar as genuínas ações do Espírito Santo, nem o jeito que Ele opera. Também creio e prego sobre dons espirituais e sobre o poder de Deus. No entanto, o mesmo Espírito Santo que se manifesta em poder é o que inspirou homens a escrevem as sagradas letras das Escrituras. Logo, o Espírito Santo jamais seria o autor e motivador de ações esquizofrênicas e desvairadas, que assemelham a Casa de Deus a um manicômio e que a própria Bíblia reprova. Muitos irmãos se deixam levar pelo emocionalismo e se esquecem desse fundamental detalhe.

 


Está escrito na Palavra: “Por gente de outras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis; e a profecia não é sinal para os infiéis, mas para os fiéis. 

Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão porventura que estais loucos?" (I Coríntios 14.21-23).

 

 

É preciso ter cuidado com esse tipo de prática. É preciso ordem no culto. É preciso entender que o espírito do profeta está sujeito ao profeta e não se deixar levar pelas emoções e muito menos tentar manipular o sentimento dos outros.

 


É preciso cuidar para não escandalizar as pessoas que visitam as igrejas e chegam sedentas de Deus, mas que saem de nossos recintos assustadas e portando a pior imagem possível a nosso respeito. Fomos chamados para ganhar o mundo e não para sermos ridicularizados por ele.

 

 

Não obstante, também percebemos uma nítida técnica de amedrontamento das ovelhas, com o óbvio propósito de mantê-las sob controle. Shows e espetáculos dão a tom da versão gospel do pão e circo. Ensina-se apenas o básico e não se dá alimento verdadeiramente sólido ao rebanho. Criam-se doutrinas baseadas em “visões” e “revelações” (bem à moda das seitas e heresias), regulamentos e regras ridículos, que visam, antes de qualquer coisa, manter as rédeas curtas, gerando proibições e imposições humanas, baseadas em usos e costumes, sendo a maioria desprovida de qualquer embasamento bíblico.

 


Tais “pastores, apóstolos, bispos, patriarcas” mantém o rebanho o tempo todo envolvido com novidades, deixando-os afastados da séria teologia bíblica, para que assim não cresçam, ficando eternamente subservientes à sua dependência.

 


Não aprendem a exercer o seu direito de cidadãos do céu, não são ensinados sobre mordomia cristã, sobre renúncia e cruz, nada sabem acerca de santificação e testemunho. Perecem com o medo de demônios, vivem prisioneiros de superstições, aprendem regras, cumprem o que conseguem, mas são cristãos sem plenitude, dependentes, raquíticos espiritualmente e facilmente manipulados para entregarem dinheiro em troca de supostas bênçãos dos céus.

 


Graças a Deus, que por outro lado, o Espírito Santo está fazendo cair as máscaras de tais “crentes” e provocando um verdadeiro mover entre aqueles que de fato têm sede de Deus.

 


Isso está provocando algumas reações contrárias, gerando antagonismos. É fácil compreender a razão, pois quem busca a face de Deus, encontra. Quem tem sede, é saciado. E quanto mais íntimo de Deus, quanto mais dependente dEle você for, menos você vai depender dos homens com suas regras carnais e loucuras heréticas.

 


Deus está levantando uma geração capaz de se derramar diante de DEle, sem a necessidade de se submeter às normas e rituais preestabelecidos por impostores do ministério; uma geração  que quebra as regras do mantra gospel e se entrega verdadeiramente à adoração sincera, com a alma, sem necessidade de manipulação, sem apelos à prosperidade, sem nada exigir de Deus, sem G12 e sem “profetas do ego”.

 


Ovelhas precisam ser conduzidas, é verdade. Mas precisam ser conduzidas por pastores autênticos ao Pastor por excelência, o Sumo Pastor, que é Jesus Cristo. O Evangelho é simples e é essa simplicidade que precisa voltar. O poder de Deus não envelhece. A Igreja não precisa de “novas unções”, de “novas visões” e muito menos de “novos apóstolos”. A Igreja está distante da Bíblia e é de Bíblia que ela precisa.

 

 

Deus está perto. É preciso aprender “chegar-se a Ele e Ele se chegará”... ovelhas são ovelhas. Pastores são pastores. Todos são irmãos. Isso que precisa ser restabelecido. Relação entre irmãos e não dependência mística entre gurus e seguidores.

 


São as complicações que o homem colocou no Evangelho... são as deturpações que o homem fez na verdadeira doutrina, que dão margem a tantas heresias que hoje se evidenciam.

 

 

"Por isso que existem tantas ovelhas “perdidas” dentro da casa do Pai. Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo. " (II Coríntios 11:3)

 


Procure crescer no conhecimento da Palavra, procure conhecer a verdade e a verdade te libertará (João. 8.32).