Você aceitaria celebrar este tipo de Natal?

24/12/2015 10:29

 

Lucas foi discípulo de Paulo, detalhista nos seus escritos. Seu Evangelho relata os principais acontecimentos do nascimento de Jesus. Desde a Anunciação do Anjo a Maria, a visita de Maria à Isabel, o nascimento de João o Batista até o estado do nascimento de Jesus. (Lc1, 1-80: 2,1-21).


O nascimento de Jesus começa com um decreto político. Quando Otaviano, o Imperador de Roma, também chamado de César Augusto resolve fazer um censo para saber quantos súditos havia em seu Império. Otaviano foi muito famoso e respeitado, o nome César Augusto se deve ao título que o equiparava a um deus, tal era a veneração que o povo tinha para com ele. O mês de agosto ou augustus recebeu este nome em sua homenagem. Foi a partir de Otaviano que os demais sucessores do Império Romano receberam o título nobre de "divinus Augustus", todos os governantes de Roma queriam ser um "Augustus".

 

Então, Otaviano ou César Augusto decretou que todos fossem com suas famílias para se alistarem nas cidades de origem. E como José  era da família do rei Davi, e, portanto judeu, também teve que sair de Nazaré na Galileia, com sua esposa Maria, já grávida, e ir até Efrata ou Belém da Judeia para também se alistar. Nazaré ficava cerca de 120 Km de Belém. No extremo Norte da Palestina quase em divisa com a Síria.

 

Mas você pode se perguntar: o que tem o nascimento de Jesus com um ato político de Otaviano? Pela lógica humana nada, pela lógica de Deus, tudo! Pois o profeta Miqueias  setecentos anos antes de Cristo já havia profetizado que o Messias deveria nascer em Belém. (Mq 5, 2) - "E tu Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o rei que governará Israel meu povo!" Deus age na história dos homens.

 

Assim sendo, Deus escolhe Maria e José, ambos de Nazaré, na Galileia, para serem os pais de Jesus. José era descendente do rei Davi, da raiz de Jessé. Casado com Maria, assumiu ser o pai adotivo de Jesus e para que se cumprisse a profecia e a promessa divina, aquela santa Família se dirigiu para Belém. Assim diz o texto de Lucas 2:4-7: 

 

Também José subiu da Galileia para Nazaré, na Judeia, a cidade de Davi, chamada Belém para se alistar com sua esposa Maria, que estava grávida. Estando ali, completaram-se os dias dela. E ela deu à luz a um filho primogênito, e, tendo envolvido em faixas colou-o numa manjedoura, porque não encontraram lugar para eles em uma hospedaria.”

 

Maria estava grávida, com seus nove meses, a viagem foi difícil, cansativa, tendo que pernoitarem pelo caminho. E quando chegaram à Belém, já se encontrava em trabalho de parto. A cidade cheia, as hospedarias lotadas, não encontraram um lugar decente para dar à luz o menino. Tiveram que se estabelecer em uma estrebaria, e ali, no meio dos animais, Jesus nasceu!

 

Parece um tanto estranho, Deus querer que seu Filho nascesse em tamanha pobreza, mas é na humildade que Deus se manifesta. Como Jesus mesmo virá mais tarde a dizer: "Quem se humilha será exaltado e quem se exalta, será humilhado". Jesus se rebaixou desde o nascimento até a morte, se humilhou e com a vitória sobre o pecado e a morte foi exaltado. Paulo nos diz que por causa disso todo joelho se dobra diante do nome de Jesus, na terra, no céu, e nos infernos. Pois Ele veio estar com os pecadores, os doentes, os marginalizados, os oprimidos, os pobres... Ele veio resgatar toda humanidade suja e condenada pelo pecado. Como nos diz João 1:3-4,9.

 

“Tudo foi feito por ele, sem ele nada foi feito. Nele havia vida e a vida era a luz dos homens, luz que resplandece nas trevas... O Verbo que vindo ao mundo ilumina todo homem...” 

Jesus é o verdadeiro Sol que dissipa toda a treva do pecado. Ele é o farol que nos guia.

 

Mas, para o Filho de Deus naquele momento bastava  o carinho de sua mãe Maria e o terno sorriso de seu pai adotivo José. Jesus não veio buscar a glória dos palácios, mas se sujeitou à humildade. Ele não veio para ser servido, mas para servir.

 

No entanto, Jesus foi acolhido pelos pastores, pelos anjos e pelos sábios. Ali, no frio da gruta, em tamanha pobreza podia contar com o amor de seus pais. João o evangelista descreve que Ele veio para os seus e os seus não o receberam. Jesus foi perseguido e logo, seus pais tiveram que sair de Belém e ir para terras distantes, até o Egito. Assim narra Mateus completando o ciclo dos acontecimentos.


Hoje talvez ao celebrar o Natal, será que Jesus também encontrará lugar para nascer nos nossos corações? 

 

Será que não estamos dando valor demais às coisas do mundo: às festas, às ceias, à nossa sede de gastar, e estamos esquecendo de deixar Jesus nascer em nossos corações?

 

Será que nossas famílias vivem com harmonia e simplicidade e celebram com amor esse dia?

 

O Natal não pode ser apenas uma data comemorativa, uma lembrança ou um argumento para orgias e bebedeiras, mas deve ser o momento de pararmos e pensarmos: Como posso fazer para que Jesus nasça em meu coração? Será que meu coração recebe, acolhe de verdade Jesus? Será que sabemos acolher o Salvador na pessoa dos pobres, dos doentes, dos desamparados? Em nossas casas ao cear e celebrar o natal, lembramo-nos de convidar também aqueles que por algum motivo não podem celebrar o natal, ou porque não têm condições ou porque estão na solidão sem o carinho das pessoas? Sabemos acolher bem os de casa e os de fora?

 

No natal recebemos muitos presentes, mas você já se lembrou de dar um presente para Jesus? Tenho certeza que o presente almejado pelo Senhor Jesus de cada um de nós é um coração renovado, convertido e amoroso. Aberto aos valores evangélicos.    

       

O verdadeiro sentido do Natal se manifesta quando celebramos esse amor de Deus por nós, e o presente maior que o Pai do Céu nos dá é seu próprio Filho. 

 

João nos diz que: porque Jesus veio e se tornou carne, todos os que creem no seu nome se tornam Filhos de Deus. (João 1:12-14) Ele traz a glória do Pai para junto de nós. Ele veio para tirar o pecado do mundo (Jo 1:29).  Ele é o Senhor e existia desde a eternidade (Jo 1:30)

 

Natal também é o momento de agradecermos a Deus por nos enviar seu Filho e por Ele e Nele sermos salvos. A maior festa do Natal é o louvor e o agradecimento a Deus que tanto amou o mundo, que nos deu seu Filho unigênito para que nos salvasse na Cruz, como nos afirmam as Escrituras .

 

Então, não podemos celebrar o Natal simplesmente como um dia comemorativo qualquer, pois assim até os ateus comemoram, mas com verdadeiro espírito de solidariedade, santidade e adoração, onde devemos entender a profundidade do valor que esta palavra significa: Deus que veio, que se encarnou e nos resgatou. Deus que por amor quis estar conosco, que mesmo sendo grande decidiu experimentar nossa pequenez. Ao nascer numa gruta, Ele se iguala aos pobres, aos que sofrem, aos perseguidos e marginalizados.

 

E também o Natal é o momento de praticarmos a solidariedade. De que adianta celebrar o Natal com mesa cheia, se fartar de comida enquanto Jesus passa fome lá fora na pessoa do pobre e do excluído?

 

Não é nas festas luxuosas, nem nos maiores banquetes, nem nos melhores presentes que está o verdadeiro sentido do Natal. Mas, olhemos na humilde pequenez da manjedoura, onde Jesus agora quer fazer morada. Aquela manjedoura é o nosso coração; o coração de cada um de seus filhos(as); Jesus quer que o abramos para Ele. 

 

O mundo hoje propõe um Natal frio, calculista onde as pessoas só pensam em comprar, festejar, e receber. Falta solidariedade, amor, abraço, perdão, ternura, compreensão e o mais importante de tudo, falta JESUS.

 

Celebrar o Natal também é viver este espírito de pobreza, e ter desapego, e acreditar na graça; acolher Jesus na pessoa do pobre e do excluído, do viciado, do marginalizado, do sem casa, do mendigo, do trabalhador, do desprezado, dos amigos e até mesmo dos inimigos. O Natal quer nos reunir numa só família onde Jesus seja o centro da nossa vida e todos nós somos irmãos.


Às vezes esquecemos que pela graça da salvação dada por Jesus, todos nos tornamos filhos de Deus e portanto, não há distinção de raça, cor, condição social, todos, ricos e pobres, santos e pecadores, todos somos criaturas de um mesmo Pai e Deus.  

 

Natal é o momento de celebrar o nascimento do Verbo de Deus. Ou seja, Jesus, que nasceu, veio para nos salvar. O Filho de Deus, nasceu humilde, se sujeitou aos pequeninos. Nasceu pobre, numa fria gruta e foi posto numa manjedoura (lugar em que os animais comiam), mesmo sendo Ele o Rei dos reis.

Não recebeu em primeiro lugar os nobres, porque os nobres, assim como hoje procuravam um Deus das alturas, soberbo, longe, aquém da realidade do seu povo. No entanto, eis que o Rei dos reis desce à mais profunda humildade e confunde aqueles que viviam no poder.

Ele preferiu receber a visita dos humildes pastores, gente sofrida pelos preconceitos, pois eram tidos como sujos e fétidos. Depois sim, recebeu os nobres sábios do Oriente que lhe trouxeram presentes: ouro, incenso e mirra. Ao mesmo tempo em que foi acolhido, também foi odiado pela sede de poder de Herodes. E depois de tudo, já em sua vida pública disse que "o Filho de Deus não tinha onde reclinar a cabeça" e de fato, morreu pregado na Cruz despido até de suas vestes.

 

Ainda aqui nos recordamos de Sua palavra no Evangelho: "Quando fizerdes uma ceia, não convides amigos, irmão e outros mais... (porque se fizerdes assim que recompensa tereis?)  Pelo contrário ide às ruas e praças chamai os pobres ... eis a recompensa." 

 

É esse o sentido do Natal. É isso que Jesus quer e deseja de todos nós cristãos. E não que nos empanturremos com nossas Ceias e nossos aparentes atos de bondade. Um Natal feito de luz interior em primeiro lugar e não de presentes e devassidões. 

  

O Natal tem seu verdadeiro sentido quando olhamos para o Pai do Céu que, ao invés de nos vender ilusões, nos dá de graça seu amor. Ele fez com que seu Filho assumisse a nossa natureza e se igualasse a nós, exceto no pecado.

 

Ele nos entrega Jesus como presente. E não exige nada em troca senão amor. Amor tão grande a ponto de se entregar na Cruz e nos salvar. 

 

Se você aceita comemorar este natal, venha e faça parte desta humilde e abençoada mesa de amor e paz, composta por milhões de corações mundo a fora que se permitem o nascer diário do Salvador em suas vidas. Um feliz natal para você e sua família, em nome de Jesus!